Hort, David (1833–1894)
By The Brazilian White Center – UNASP
The Brazilian White Center – UNASP is a team of teachers and students at the Brazilian Ellen G. White Research Center – UNASP at the Brazilian Adventist University, Campus Engenheiro, Coelho, SP. The team was supervised by Drs. Adolfo Semo Suárez, Renato Stencel, and Carlos Flávio Teixeira. Bruno Sales Gomes Ferreira provided technical support. The following names are of team members: Adriane Ferrari Silva, Álan Gracioto Alexandre, Allen Jair Urcia Santa Cruz, Camila Chede Amaral Lucena, Camilla Rodrigues Seixas, Daniel Fernandes Teodoro, Danillo Alfredo Rios Junior, Danilo Fauster de Souza, Débora Arana Mayer, Elvis Eli Martins Filho, Felipe Cardoso do Nascimento, Fernanda Nascimento Oliveira, Gabriel Pilon Galvani, Giovana de Castro Vaz, Guilherme Cardoso Ricardo Martins, Gustavo Costa Vieira Novaes, Ingrid Sthéfane Santos Andrade, Isabela Pimenta Gravina, Ivo Ribeiro de Carvalho, Jhoseyr Davison Voos dos Santos, João Lucas Moraes Pereira, Kalline Meira Rocha Santos, Larissa Menegazzo Nunes, Letícia Miola Figueiredo, Luan Alves Cota Mól, Lucas Almeida dos Santos, Lucas Arteaga Aquino, Lucas Dias de Melo, Matheus Brabo Peres, Mayla Magaieski Graepp, Milena Guimarães Silva, Natália Padilha Corrêa, Rafaela Lima Gouvêa, Rogel Maio Nogueira Tavares Filho, Ryan Matheus do Ouro Medeiros, Samara Souza Santos, Sergio Henrique Micael Santos, Suelen Alves de Almeida, Talita Paim Veloso de Castro, Thais Cristina Benedetti, Thaís Caroline de Almeida Lima, Vanessa Stehling Belgd, Victor Alves Pereira, Vinicios Fernandes Alencar, Vinícius Pereira Nascimento, Vitória Regina Boita da Silva, William Edward Timm, Julio Cesar Ribeiro, Ellen Deó Bortolotte, Maria Júlia dos Santos Galvani, Giovana Souto Pereira, Victor Hugo Vaz Storch, and Dinely Luana Pereira.
First Published: June 19, 2021
Heinrich Christian Georg David Hort foi o dono da mercearia onde chegaram as primeiras publicações Adventistas no Brasil.
Introdução
Heinrich Christian Georg David Hort nasceu em Hötensleben, Alemanha, em 25 de novembro de 1833.1 Existem poucos registros sobre o início de sua vida, mas sabe-se que ele trabalhou como mineiro em seu país natal.2 Em 1868, casou-se com Anna Elizabeth (Von Stallenburg) Hort (1834-1918), nascida em Magdeburg, Alemanha. Da união nasceram oito filhos, dos quais apenas três têm-se registro dos nomes: Germano (n. 1861), Carlos (n. 1863), e Adolf Hort (1871-1944). Em um relacionamento anterior, Anna teve uma filha chamada Maria (n. 1859).3
Aos 35 anos de idade, Hort e sua família emigraram para o Brasil em busca de uma vida melhor. Em 6 de abril de 1869, eles deixaram o porto de Hamburgo e, três meses depois, o navio fez sua primeira parada na Colônia Santa Leopoldina, estado do Espírito Santo. No dia seguinte, o navio navegou para Itajaí, estado de Santa Catarina, onde a família Hort desembarcou. Em seguida, viajaram por mais oito dias em canoas pelo Itajaí-Mirim até a cidade de Brusque, onde fixaram residência.4
A colonização da região de Brusque pelos alemães teve início em 1860. Assim, no momento em que a família Hort chegou, a colônia ainda estava em seus primórdios. Após um sorteio dos lotes entre os novos colonos, a família passou a residir no bairro de Cedro Grande. Em posse do terreno, David construiu entre 1875 e 1880 um amplo casarão colonial de dois andares, localizado à rua do Cedro, 124. A família Hort morava no segundo andar e, em baixo, funcionava a mercearia Kaufläden Hort.5
A loja atendia às pequenas comunidades da região e os colonos vendiam ou trocavam produtos agrícolas por bens de consumo da família, tais como sal, bacon, ferramentas, óleo, tecidos e armas. Além disso, o local também recebia atividades sociais, e servia como ponto de encontro para vizinhos e entrega de correspondência. Na época, os donos de armazéns eram intermediários entre os vendedores da cidade sede e dos bairros, o que gerava uma certa dependência entre colonos e mercadores. Como a colônia estava isolada de qualquer centro urbano, os colonos tinham suas opções de comércio limitadas a vendas e lojas. Por esse motivo, os comerciantes eram bastante influentes no local e muitas vezes ditavam as regras. A mercearia dos Hort ficava em local estratégico, próxima ao porto no rio Itajaí-Mirim.6
Além de fazer parte da história de Cedro Grande, a mercearia de David Hort também tem significado histórico para a Igreja Adventista do Sétimo Dia no Brasil. Foi ali que a mensagem Adventista chegou ao País por meio das revistas em alemão Stimme der Wahrheit (Voz da Verdade), antes mesmo de haver um missionário adventista no território.7
A história teve início quando, por volta de 1879, um jovem chamado Borchardt envolveu-se em uma briga em Brusque, ferindo gravemente seu oponente. Com medo, ele correu para o porto de Itajaí e conseguiu um emprego em um navio alemão que operava entre a Europa e a América do Sul. No navio, conheceu dois missionários adventistas que perguntaram se ele conhecia alguém no Brasil interessado em assuntos religiosos. Borchardt forneceu a eles o endereço de seu padrasto Carlos Dreefke, que morava em Brusque, para que pudessem enviar-lhe literatura adventista.8
A história do início do Adventismo no Brasil ainda se constitui imprecisa por falta de registros detalhados. Segundo depoimentos orais recolhidos por F. H. Westphal, E. H. Meyers e G. Streithorst, a chegada dos pacotes ao porto de Itajaí aconteceu entre 1879 a 1884. A correspondência chegou à loja de Hort, endereçada a Dreefke. Este ficou receoso em recebê-las, temendo ser cobrado mais tarde pela encomenda. Incentivado por David Hort e curiosos, ele abriu o pacote e distribuiu as revistas adventistas para as pessoas interessadas. Na época, não havia muito o que ler na região, muito menos conteúdo em alemão. Novamente receoso, tempos depois, decidiu parar de receber as entregas, mas a pedido de um professor chamado Chikiwidowsky, passou para ele a responsabilidade pelo material. Relatos contam que, posteriormente, este também perdeu o interesse, entregando a responsabilidade a Frederich Dressler.9
Dressler, filho de um pastor luterano, foi expulso da Alemanha por ser alcoólatra. Para sustentar seu vício, passou a vender as revistas. Vendo que o interesse do público aumentava, escreveu à Sociedade de Tratados norte-americana pedindo mais material, prometendo pagar depois – o que nunca aconteceu.10 Dentre os materiais enviados estavam as seguintes revistas: Stimme der Warheit (Voz da Verdade), Prophetischer Erklärer (Guia Profético), Herold der Wharheit (Arauto da Verdade), Christlicher Hausfreund (Amigo do Lar Cristão) e livros como: Gedanken Über das Buch Daniel (Daniel e Apocalipse), de Uriah Smith.11 A divulgação da literatura adventista resultou no desenvolvimento de um profundo interesse no Adventismo por parte de Guilherme Belz que, em consequência, começou a guardar o sábado, sendo o primeiro a tomar essa decisão no Brasil.12
David Hort nunca se interessou pela mensagem das revistas que eram entregues em sua mercearia. No entanto, anos depois, parte de sua família começou a estudar a Bíblia à luz do material adventista por iniciativa de seu filho Adolf. Quando o primeiro pacote de revistas foi aberto, Adolf ainda era criança. Em agosto de 1896, sua esposa, nora e Adolf foram batizados pelo pastor Huldreich F. Graf e se tornaram testemunhas em sua comunidade.13 David morreu em 15 de dezembro de 1894, por decorrência de um câncer que se espalhou para os pulmões, e foi enterrado no Cemitério da Comunidade Luterana em Brusque, Santa Catarina.14
Em 31 de março de 2019, o decreto número 8.379-2019 foi homologado pela Prefeitura de Brusque, declarando o Casarão Hort como patrimônio histórico. Em 04 de junho de 2019, o decreto foi publicado no diário oficial pelo prefeito de Brusque, Jonas Paegle.15
Referências
“David Hort.” Site do Centro Nacional da Memória Adventista (Online), 12 de janeiro, 2016.
“Ilse Hort.” Revista Adventista, março, 1989.
“Uma Recapitulação dos Começos na América do Sul.” Revista Adventista, 12 de outubro, 1989.
Bertotti, Fabiana. 100 anos de fé pioneirismo e missão. 1ª edição, São José: Associação Catarinense da IASD, 2004.
Boehm, J. H. “Elizabeth Hort.” Revista Adventista, dezembro, 1918.
Borges, Michelson. “A chegada do Adventismo ao Brasil,” Criacionismo, 1 de maio, 2008.
Borges, Michelson. “Linhagem adventista.” Site da Revista Adventista (Online), 19 de agosto, 2019.
Borges, Michelson. “Raízes da nossa história,” Revista Adventista, 9 de janeiro, 2018.
Borges, Michelson. A chegada do adventismo ao Brasil. 2ª edição, Tatuí, SP: CPB - Casa Publicadora Brasileira, 2001.
Publicação do Diário Municipal de Santa Catarina de 04 de junho de 2019. In: Acervo do Centro Nacional da Memória Adventista/Centro de Pesquisas Ellen G. White: UNASP-EC, Engenheiro Coelho, SP. Estante: 2. Prateleira: 14. Pasta/ Caixa: “Hort, David.”
Biografia de David Hort. In: Acervo do Centro Nacional da Memória Adventista/Centro de Pesquisas Ellen G. White: UNASP-EC, Engenheiro Coelho, SP. Estante: 2. Prateleira: 14. Pasta/ Caixa: “Hort, David.”
Certidão de Óbito de David Hort. In: Acervo do Centro Nacional da Memória Adventista/Centro de Pesquisas Ellen G. White: UNASP-EC, Engenheiro Coelho, SP. Estante: 2. Prateleira: 14. Pasta/ Caixa: “Hort, David.”
Certidão de Óbito de Elisabeth Hort. In: Arquivo do Centro Nacional da Memória Adventista/Centro de Pesquisas Ellen G. White: UNASP-EC, Engenheiro Coelho, SP. Estante: 2. Prateleira 13. Pasta: “Hort, David.”
Greenleaf, Floyd. Terra de Esperança. 1ª edição, Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2011.
Hort, Georg Friedrich Adolfo. In: Arquivo do Centro Nacional da Memória Adventista/Centro de Pesquisas Ellen G. White: UNASP-EC, Engenheiro Coelho, SP. Estante: 2. Prateleira 13. Pasta: “Hort, Adolfo.”
Meyers, E. H. “Uma Recapitulação dos Começos na América do Sul.” Revista Mensal, outubro, 1928.
Miranda, Josino M. de. “A Mensagem Adventista Chega ao Brasil por meio de um Bêbado e um Assassino.” Revista Adventista, março, 1971.
Nigri, M. S. “Nas pegadas dos pioneiros.” Revista Adventista, dezembro, 1956.
O. B. “Adolf Hort.” Revista Adventista, abril, 1944.
Streithorst, Germano. “O início de nossa Obra.” Revista Adventista, março, 1958.
Weber, Werner A. “Hort.” Revista Adventista, março, 1970.
Zukowski, Samuel. “Santa Catarina: berço da mensagem adventista no Brasil.” Revista Adventista, dezembro, 1994.
Notas de fim
- Certidão de Óbito de David Hort (Arquivo do Centro Nacional da Memória Adventista/Centro de Pesquisas Ellen G. White: UNASP-EC, Engenheiro Coelho, SP); Michelson Borges, “Linhagem Adventista,” Site da Revista Adventista, agosto, 19, 2019; Emir Schmidt Hort, entrevistado por Victor Alves Pereira em Engenheiro Coelho, São Paulo, outubro, 2019.↩
- “David Hort,” Site do Centro Nacional da Memória Adventista, janeiro, 12, 2016.↩
- Certidão de Óbito de Elisabetha Hort (Arquivo do Centro Nacional da Memória Adventista/Centro de Pesquisas Ellen G. White: UNASP-EC, Engenheiro Coelho, SP); J. H. Boehm, “Elizabeth Hort,” Revista Adventista, dezembro, 1918, 16; “David Hort,” janeiro, 12, 2016; O. B., “Adolf Hort,” Revista Adventista, abril, 1944, 25.↩
- Borges, “Linhagem Adventista.”↩
- Michelson Borges. A chegada do Adventismo ao Brasil. (Tatuí, SP: CPB - Casa Publicadora Brasileira, 2001), 49-58.↩
- Borges. A chegada do Adventismo ao Brasil, 49-58; Borges, “Linhagem Adventista.”↩
- Nigri, M. S. “Nas pegadas dos pioneiros,” Revista adventista, dezembro, 1956, 11.↩
- Germano Streithorst, “O início de nossa Obra,” Revista Adventista, março, 1958, 29, 30; E. H. Meyers, “Uma Recapitulação dos Começos na América do Sul,” Revista Mensal, outubro, 1928, 4, 5; Josino M. Miranda, “A Mensagem Adventista Chega ao Brasil por meio de um Bêbado e um Assassino,” Revista Adventista, março, 1971, 22.; Samuel Zukowski, “Santa Catarina: berço da mensagem adventista no Brasil,” Revista adventista, dezembro, 1994, 8; Borges, A chegada do adventismo ao Brasil, 49-58; Fabiana Bertotti. 100 anos de fé pioneirismo e missão (São José: Associação Catarinense da IASD, 2004), 21-26; Floyd Greenleaf, Terra de Esperança: o crescimento da Igreja Adventista na América do Sul (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2011), 25.↩
- Ibid.↩
- Ibid.↩
- Borges. A chegada do Adventismo ao Brasil, 49-58; Borges, “Linhagem Adventista.”↩
- L. H. Olson, “Progressos da Obra na América do Sul,” Revista Adventista, setembro, 1956, 3, 4; Germano Streithorst, “Santa Catharina,” Revista Adventista, dezembro, 1924, 10; Greenleaf, 25; Borges, A chegada do Adventismo ao Brasil, 59-61.↩
- Orlando G de Pinho, “Assim se passou a história,” Revista Adventista, março, 1954, 9; Nigri, 11; O. B, 25; Adolf Hort, (Arquivo do Centro Nacional da Memória Adventista/Centro de Pesquisas Ellen G. White: UNASP-EC, Engenheiro Coelho, SP), 2.↩
- Certidão de Óbito de David Hort.↩
- Publicação do Diário Municipal de Santa Catarina de 04 de junho de 2019. (Arquivo do Centro Nacional da Memória Adventista/Centro de ↩