Revista Vida e Saúde (Edição da Divisão Sul-Americana)
By Ágatha Lemos, and Michelson Borges
Ágatha Lemos
Michelson Borges
First Published: January 29, 2020
A Vida e Saúde é uma revista mensal publicada pela Casa Publicadora Brasileira, pertencente à Igreja Adventista do Sétimo Dia no Brasil. Seu objetivo é promover a educação em prol da saúde e estilo de vida.
Contexto
A revista Vida e Saúde circula ininterruptamente no Brasil desde 1939. Ela é composta por 52 páginas coloridas, divididas em 20 seções fixas que discutem a ciência com o viés da saúde preventiva. Caracterizada pelos princípios de reeducação alimentar e atividade física, a revista Vida e Saúde trabalha há oito décadas na construção de uma mentalidade brasileira pró-saúde. No entanto, a primeira tentativa de criar a publicação ocorreu 25 anos antes.
Em 1914, a CPB lançou a revista Saúde e Vida, com 16 páginas. “Nessa época, a Casa Publicadora Brasileira, em Santo André, estado de São Paulo, ensaiava os primeiros passos no mercado editorial nacional. Assim, em 1914, a editora lançou a primeira revista de saúde para o público brasileiro, durante o auge da Primeira Guerra Mundial. O primeiro número, com 16 páginas, trazia temas como os efeitos maléficos do álcool e do cigarro, orientações para portadores de tuberculose, alimentação infantil, primeiros socorros em caso de queimaduras e outros temas de prevenção”.1 No entanto, a Saúde e Vida circulou apenas por alguns meses.
Fundação
Em 1939, o projeto de ter uma publicação sobre saúde no Brasil ressurgiu com o título Vida e Saúde, revista que era publicada mensalmente e distribuída em todo o território nacional. A Vida e Saúde começou com 24 páginas, em preto e branco, e uma capa impressa em duas cores. Em 1955, o layout da revista melhorou muito, assim como a arte final, o papel da capa e a qualidade da impressão a cores. Em 1961, seu conteúdo ganhou impressão em duas cores e aumentou em quatro páginas. Dez anos depois, houve uma grande revolução no visual, com o uso de espaços em branco e cores abundantes. Mas foi só em 1980 que ganhou um conjunto de impressão em quatro cores.
Embora não haja registro de que a revista Vida e Saúde seja a mais popular do Brasil sobre estilo de vida saudável, muitas evidências levam a crer que ela seja a precursora do jornalismo em saúde, promovendo mecanismos de prevenção e longevidade. Outras revistas nacionais são mais recentes em comparação à Vida e Saúde. “Foi só a partir da década de 1980, com a preocupação sobre o cuidado do corpo, que começaram a surgir publicações semelhantes em outras editoras”.2
Desde 1930, quando estudar não era privilégio de todos e a ciência médica não era tão avançada como hoje, a Vida e Saúde tem oferecido informações aos interessados em temas de saúde. Suas orientações, até então inovadoras, chamaram a atenção de pessoas comuns que desejavam obter conhecimento prático sobre um estilo de vida saudável.
História
A filosofia editorial da revista Vida e Saúde distingue-se por seu foco na longevidade por meio da prevenção, o que gerou discussões muitas décadas depois. Zinaldo Azevedo Santos, editor da revista de 1997 a 2003, afirmou: “Estou convencido de que a Vida e Saúde está na vanguarda de todas as publicações existentes sobre saúde. Não há um único aspecto abordado por outras publicações que não tenha feito parte da filosofia da revista Vida e Saúde desde seu início”.3
A promoção da saúde por meio da reeducação de hábitos sempre foi o objetivo do periódico. Com base nos oito “remédios naturais” - dieta vegetariana, exercícios, água, ar puro, luz solar, abstinência de coisas prejudiciais (álcool, fumo e outras drogas, bem como vícios e sentimentos negativos), descanso e confiança em Deus - a revista promove um estilo de vida simples e saudável.
Defensora da saúde holística, a revista Vida e Saúde considera que saúde não é apenas ausência de doença, mas sim um estado de todo o ser, pelo qual vários fatores competem. Com base nessa filosofia, em 1939, quando a obesidade ainda não era um problema de saúde pública nacional e internacional, a revista já havia abordado esse tema. Em setembro daquele ano, um artigo de duas páginas intitulava-se: “Vamos combater a obesidade!”.
Além disso, em maio de 1939, quando o escritório da CPB ainda era localizado em Santo André, no interior de São Paulo, a revista explicava o valor nutricional e até medicinal das frutas.
Naquela época, não sabíamos sobre flavonóides, fitoquímicos, antocianinas e antioxidantes. Sabia-se que as uvas faziam bem à saúde. No entanto, o resveratrol ainda não havia sido descoberto. Esse é o componente que combate os radicais livres, fazendo com que as frutas nutracêuticas funcionem tanto como alimento nutritivo quanto como remédio, principalmente para o coração. Outro nutracêutico pode ser encontrado no tomate e na melancia, ricos em licopeno, que previne o câncer de próstata.4
O exercício físico tem sido divulgado desde muito cedo nas páginas da revista Vida e Saúde. Muito antes de as academias se tornarem uma parte comum do cenário urbano, a edição de novembro de 1939 apresentava uma matéria intitulada: “Exercícios para pessoas de vida sedentária”. A autora da matéria dizia que “a pessoa de vida sedentária envelhece rapidamente por falta de exercício. Os primeiros sinais de velhice são músculos flácidos, estômago protuberante e peso excessivo”. A página 6 desse número também declarava que “o coração só é fortalecido quando usamos a musculatura do corpo”, apresentando ilustrações de vários exercícios para ficar em forma.5
Assim, os cuidados com a saúde mental e física são a espinha dorsal de cada edição da revista Vida e Saúde. Outro componente fundamental da publicação é a saúde espiritual.
Contrariando o estigma da ‘dicotomia’ fé e ciência, a revista Vida e Saúde sempre teve a crença de que o ser humano é a obra-prima da criação de Deus como uma de suas maiores motivações para a produção de conteúdo cientificamente disseminado. Enraizada na história da Igreja Adventista do Sétimo Dia, a revista apareceu pela primeira vez, não por razões comerciais, mas por convicções missionárias. ‘A circulação das revistas de saúde será um poderoso instrumento na preparação do povo para aceitarem aquelas verdades especiais que devem prepará-los para a breve vinda do Filho do homem’, escreveu Ellen White.6
Em 1985, a Casa Publicadora Brasileira foi transferida para Tatuí, interior do estado de São Paulo. Durante essa nova fase da história da CPB, a Vida e Saúde continuou a ser impressa em quatro cores, como vinha sendo há cinco anos.
Em janeiro de 2015, a revista passou por uma renovação gráfica, trazendo atualizações editoriais, como seções sobre pediatria, sexualidade, corpo humano e beleza saudável. Além disso, a seção de culinária ficou mais educativa, com dicas de um chef, e a revista como um todo se aproximou do leitor por meio de sua presença nas redes sociais e da criação do site: www.revistavidaesaude.com.br. Segundo o editor atual, Michelson Borges, “Quando fiquei encarregado da revista em 2015, o grande desafio era tornar ainda melhor um produto que já era ótimo e tinha uma rica tradição no Brasil. Acredito que a revista Vida e Saúde desempenha até um papel escatológico, pois ajuda a preparar as pessoas para entender melhor o plano de Deus para suas vidas, de modo que estejam prontas para a volta de Jesus, e essa preparação envolve a reforma de saúde”.
Cenário
Hoje, a revista Vida e Saúde tem uma tiragem de 60.000 exemplares por mês e é vendida por centenas de colportores efetivos e estudantes em todo o Brasil. O desafio é viver em um mundo digital, continuando a oferecer conteúdo sólido, bem fundamentado, interessante e relevante para manter os leitores atuais e conseguir novos.
Listas
Títulos: Saúde e Vida (1914-1914); Vida e Saúde (1939-atualmente).
Editores: António A. de Miranda (1939-1941); Raphael de Azambuja Butler (1943-1947); António A. de Miranda (1949-1950); Octávio Espírito Santo (1950-1954); Raphael de Azambuja Butler (1954-1968); Naor G. Conrado (1970-1975); Carlos A. Trezza (1976-1977); Almir A. Fonseca (1977-1986); Rubem M. Scheffel (1987-1989); Márcio Dias Guarda/ Paulo Roberto Moura Pinheiro/ Wilson de Almeida (1989); Márcio Dias Guarda (1989-1994); Paulo Roberto Moura Pinheiro (1994-1996); Marcos Carvalho De Benedicto (1997); Zinaldo Santos (1997-2003); Francisco Carlos Lima Lemos (2003-2014); Michelson Borges (2015-atualmente).
Referências
Deininger, Rute, “Exercícios para pessoas de vida sedentária.” Vida e Saúde, novembro de 1939.
Lemos, Agatha D. “Longevidade saudável na Mídia: entre a medicalização e a promoção da saúde,” Dissertação de Mestrado, Fundação Oswaldo Cruz, 2015.
Lemos, Francisco C. L. “Influencia de la revista Vida e Saúde en el estilo de vida de los lectores de la región 15 del Servicio Educacional Hogar y Salud, São José do Rio Preto, São Paulo, año 2010” [Influência da revista Vida e Saúde no estilo de vida dos leitores da Região 15 do Serviço Educacional Lar e Saúde, São José do Rio Preto, São Paulo, 2010], Dissertação de Mestrado, Universidade Peruana União, 2012.
Lemos, Francisco. “Vai longe," Vida e Saúde, julho de 2013.
Marília Scalzo, Jornalismo de Revista. São Paulo: Editora Contexto, 2003.
Notas de Fim
- Francisco C. L. Lemos, “Influencia de la revista Vida e Saúde en el estilo de vida de los lectores de la región 15 del Servicio Educacional Hogar y Salud, São José do Rio Preto, São Paulo, año 2010” [Influência da revista Vida e Saúde no estilo de vida dos leitores da Região 15 do Serviço Educacional Lar e Saúde, São José do Rio Preto, São Paulo, 2010], (Dissertação de Mestrado, Universidade Peruana União, 2012), 162.↩
- Marília Scalzo, Jornalismo de Revista (São Paulo: Editora Contexto, 2003); apud Francisco C. L. Lemos, 162.↩
- Zinaldo A. Santos, entrevistado pelo jornalista Michelson Borges (Tatuí), 20 de janeiro de 2018.↩
- Francisco Lemos, “Vai longe," (julho de 2013): 4.↩
- Rute Deininger, “Exercícios para pessoas de vida sedentária,” Vida e Saúde (novembro de 1939): 6.↩
- D. Lemos, “Longevidade saudável na Mídia: entre a medicalização e a promoção da saúde,” (Dissertação de Mestrado, Fundação Oswaldo Cruz, 2015), 92. Citação de Ellen White: ARH, 12 de novembro de 1901, par. 21.↩