Michiles, José Batista (1884–1974)
By The Brazilian White Center – UNASP
The Brazilian White Center – UNASP is a team of teachers and students at the Brazilian Ellen G. White Research Center – UNASP at the Brazilian Adventist University, Campus Engenheiro, Coelho, SP. The team was supervised by Drs. Adolfo Semo Suárez, Renato Stencel, and Carlos Flávio Teixeira. Bruno Sales Gomes Ferreira provided technical support. The following names are of team members: Adriane Ferrari Silva, Álan Gracioto Alexandre, Allen Jair Urcia Santa Cruz, Camila Chede Amaral Lucena, Camilla Rodrigues Seixas, Daniel Fernandes Teodoro, Danillo Alfredo Rios Junior, Danilo Fauster de Souza, Débora Arana Mayer, Elvis Eli Martins Filho, Felipe Cardoso do Nascimento, Fernanda Nascimento Oliveira, Gabriel Pilon Galvani, Giovana de Castro Vaz, Guilherme Cardoso Ricardo Martins, Gustavo Costa Vieira Novaes, Ingrid Sthéfane Santos Andrade, Isabela Pimenta Gravina, Ivo Ribeiro de Carvalho, Jhoseyr Davison Voos dos Santos, João Lucas Moraes Pereira, Kalline Meira Rocha Santos, Larissa Menegazzo Nunes, Letícia Miola Figueiredo, Luan Alves Cota Mól, Lucas Almeida dos Santos, Lucas Arteaga Aquino, Lucas Dias de Melo, Matheus Brabo Peres, Mayla Magaieski Graepp, Milena Guimarães Silva, Natália Padilha Corrêa, Rafaela Lima Gouvêa, Rogel Maio Nogueira Tavares Filho, Ryan Matheus do Ouro Medeiros, Samara Souza Santos, Sergio Henrique Micael Santos, Suelen Alves de Almeida, Talita Paim Veloso de Castro, Thais Cristina Benedetti, Thaís Caroline de Almeida Lima, Vanessa Stehling Belgd, Victor Alves Pereira, Vinicios Fernandes Alencar, Vinícius Pereira Nascimento, Vitória Regina Boita da Silva, William Edward Timm, Julio Cesar Ribeiro, Ellen Deó Bortolotte, Maria Júlia dos Santos Galvani, Giovana Souto Pereira, Victor Hugo Vaz Storch, and Dinely Luana Pereira.
First Published: June 28, 2021
José Batista Michiles, adventista pioneiro no Amazonas, nasceu em 19 de junho de 1884, na cidade de Maués, Amazonas, Brasil. Era filho de Beatriz Oliveira Leite Michiles e José Feliciano Michiles. José Batista perdeu o pai cedo e, ainda jovem, teve que assumir todas as responsabilidades da família. Por esse motivo, interrompeu os estudos no ginásio e começou a trabalhar. Apesar disso, havia desenvolvido o gosto pela leitura, adquirindo bom arcabouço de conhecimentos gerais e domínio da língua portuguesa.1
José começou a trabalhar como comerciante, trocando produtos manufaturados da cidade por recursos naturais do interior, usando uma canoa como transporte, o que era uma atividade comum na região amazônica, no Brasil chamada de regatão. Pouco a pouco, ele se tornou um comerciante bem-sucedido. Entretanto, ao final da Primeira Guerra Mundial, a queda do preço do látex afetou a economia local, e José teve que vender todas as suas posses. Juntamente com dois empregados leais, trabalhou em uma área inabitada próxima a Maués por volta de três anos, até adquirir do governo o direito de posse. A fazenda ficou conhecida como Fazenda Centenário, que posteriormente adquiriu significado importante para a história da IASD.2 Casou-se com Rosa Michiles, com quem teve seis filhos: Érison, Darcy, Sonila, Rosilda, Josué e Eldina, dos quais quatro se tornaram obreiros na Igreja Adventista.3
Após começar a ler a Bíblia que havia ganhado como presente de casamento, José Batista começou interessar-se cada vez mais por assuntos religiosos. Na época, a religião principal naquela região era o catolicismo. A descrição do batismo de Jesus, no rio Jordão, feita por João no evangelho de sua autoria o impressionou profundamente. Quando chegou o momento do seu filho Érison ser batizado pelo padre, disse à sua esposa: “Rosa, não vamos batizar essa criança, pois chegará o tempo em que ela será batizada com o batismo verdadeiro”. José não imaginava que, muitos anos depois, isso se tornaria realidade.4
Em 1927, a Missão Baixo-Amazonas foi organizada, tendo como presidente John Lewis Brown. Logo após sua chegada em abril, ele viajou pela primeira vez pela região amazônica a fim de conhecer o território, levando consigo publicações adventistas. Ao passar por Maués, conheceu um mercador judeu chamado Samuel Levy, a quem perguntou se conhecia alguém que gostava de ler a Bíblia. Levy, amigo de Michiles, gostava de conversar sobre religião com ele, então o Pastor Brown lhe deixou alguns panfletos evangelísticos e prometeu voltar depois para conhecer seu amigo.5
O encontro aconteceu entre março e abril de 1928, quando os pastores Brown e Elmer H. Wilcox fizeram uma segunda viagem missionária pela bacia amazônica. Ao encontrarem Levy novamente, descobriram que o homem havia distribuído os panfletos a vários fazendeiros da região, apesar de ele mesmo não ter muito interesse neles, pois falavam sobre Cristo. Depois da leitura das publicações, José Michiles decidiu que ele e sua família guardariam o sábado.6
Em março de 1929, José Batista Michiles e mais quatro pessoas foram batizadas, tornando-se os primeiros adventistas do estado do Amazonas.7 Dessas primeiras conversões, o Adventismo começou a se espalhar grandemente pela região amazônica,8 visto que Michiles tinha forte influência na comunidade e realizou extensivo trabalho missionário com sua canoa.9 A princípio, um grupo da Escola Sabatina se reunia na Fazenda Centenário, e convidava muitos empregados da fazenda para participarem. Posteriormente, em 1930, a primeira Igreja Adventista do Sétimo Dia da União Norte Brasileira começou a operar no local, onde também funcionava uma escola.10 Além disso, foi construída uma casa para professores e obreiros.11
Assim como os pioneiros Leo e Jessie Halliwell,12 Michiles também contribuiu na luta contra a malária, uma doença que devastou o mundo no início do século XX. O Amazonas foi uma das regiões mais afetadas.13 Michiles distribuía remédios e cestas básicas aos doentes e, nos piores casos, abrigava os doentes nos galpões de sua fazenda, onde ficavam até sua recuperação.14
Seu avô havia sido o primeiro deputado do estado do Amazonas em 1852, e teve uma carreira política promissora, servindo como capitão da guarda nacional e governador do estado do Amazonas. Assim como seu antepassado, José Michiles, ou Donga Michiles, como era conhecido, tinha o mesmo carisma, tornando-se o primeiro prefeito de Maués em 1947, cargo que exerceu por três mandatos (mais tarde em 1960, e depois em 1970).15
José apreciava ler os livros de Ellen White e influenciou muitas pessoas a se tornarem adventistas. Também participou das reuniões administrativas da União Norte Brasileira por cerca de 20 anos.16 Michiles faleceu em 23 de abril de 1974, aos 90 anos de idade, no Hospital Adventista de São Paulo. Foi enterrado em sua cidade natal, no Amazonas.17 Deixou um legado de dedicação e serviço missionário em favor da mensagem adventista em Maués, cidade em que se iniciou a Igreja Adventista do Sétimo Dia no estado do Amazonas, Brasil.
Referências
Erney, Plessmann, Camargo. “Malária, maleira, paludismo.” Ciência e Cultura (Online), janeiro/março, 2003.
Estado do Amazonas Assembleia Legislativa. In: Acervo do Centro Nacional da Memória Adventista/Centro de Pesquisas Ellen G. White: UNASP-EC, Engenheiro Coelho, SP. Estante: 02. Prateleira: 14. Pasta: “MICHILES, José Batista.” Acessado em 26 de novembro, 2018.
Ferraz, Sonila Michiles. Cartas. In: Acervo do Centro Nacional da Memória Adventista/Centro de Pesquisas Ellen G. White: UNASP-EC, Engenheiro Coelho, SP. Estante: 02. Prateleira: 14. Pasta: “MICHILES, José Batista.” Acessado em 26 de novembro, 2018.
Filho, Fausto, Valéria Brasi, e José Souza, “Manaus e a Rede Municipal de Educação: Humberto Michiles conversa com a Revista Pensamento Educacional,” Cadernos de Pesquisa: Pensamento Educacional, Curitiba, setembro/dezembro 2014. Acessado em 8 de abril, 2020, https://utp.br/cadernos_de_pesquisa/.
“José Michiles.” My Heritage Network (Online), 26 de novembro, 2018.
Lessa, Rubens. Construtores de Esperança: na trilha dos pioneiros. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2016.
Medeiros, Mackison. “A História Político-Administrativo de Maués-Am.” WebArtigos (Online), 10 de abril, 2010.
Michiles, José Batista. In: Acervo do Centro Nacional da Memória Adventista/Centro de Pesquisas Ellen G. White: UNASP-EC, Engenheiro Coelho, SP. Estante: 02. Prateleira: 14. Pasta: “MICHILES, José Batista.” Acessado em 26 de novembro, 2018.
Montgomery, O. “The Converting Power of the Printed Page.” ARH, 20 de julho, 1933.
“Museu Centenário Contará História do Adventismo na Amazônia.” Fato Amazônico (Online), 12 de maio, 2015.
Ramos, Ana Paula. Desafio nas águas. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2009.
Streithorst, Olga Storch. Leo Halliwell na Amazônia. Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1979.
Tradição Política. Excerpt. In: Acervo do Centro Nacional da Memória Adventista/Centro de Pesquisas Ellen G. White: UNASP-EC, Engenheiro Coelho, SP. Estante: 02. Prateleira: 14. Pasta: “MICHILES, José Batista.” Acessado em 8 de abril, 2020.
“Veio da Alemanha Para Trabalhar na Selva.” Revista Adventista, dezembro, 1990. Acessado em 29 de abril, 2019, http://acervo.revistaadventista.com.br/capas.cpb.
Wilcox. E. H. “Work in the Amazonas Territory - No. 2.” ARH, 28 de agosto, 1930.
Wilcox, E. H. “Work in the Amazonas Territory—No. 3.” ARH, 4 de setembro, 1930.
Wilcox, E. H. “Work in the Amazonas Territory-No. 4.” ARH, 11 de setembro, 1930.
Notas de Fim
- Carta de Sonila Michiles Ferraz (Acervo do Centro Nacional da Memória Adventista/Centro de Pesquisas Ellen G. White: UNASP-EC, Engenheiro Coelho, SP), 1; “José Michiles,” Site My Heritage. Acessado em 26 de novembro, 2018, https://www.myheritage.com.br/names/jos%C3%A9_michiles#.↩
- Fausto Filho, Valéria Brasil, e José Souza, “Manaus e a Rede Municipal de Educação: Humberto Michiles conversa com a Revista Pensamento Educacional,” Cadernos de Pesquisa: Pensamento Educacional, Curitiba, setembro/dezembro 2014, 297-307.↩
- Carta de Sonila Michiles Ferraz (Acervo do Centro Nacional da Memória Adventista/Centro de Pesquisas Ellen G. White: UNASP-EC, Engenheiro Coelho, SP), 1; Ana Paula Ramos, Desafio nas águas (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2009), 42.↩
- Ana Paula Ramos, Desafio nas águas (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2009), 39.↩
- Rubens Lessa, Construtores de Esperança: na trilha dos pioneiros adventistas da Amazônia (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2016), 31; O. S. Streithorst, Leo Halliwell na Amazônia (Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1979), 57-61; Ana Paula Ramos, Desafio nas águas (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2009), 39; E. H. Wilcox, “Work in the Amazonas Territory--No. 2,” ARH, 28 de agosto, 1930, 22.↩
- Ibid.↩
- “Michiles, José Batista” (Acervo do Centro Nacional da Memória Adventista/Centro de Pesquisas Ellen G. White: UNASP-EC, Engenheiro Coelho, SP), 959; O. S. Streithorst, Leo Halliwell na Amazônia (Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1979), 60; E. H. Wilcox, “Work in the Amazonas Territory—No. 3,” ARH, 4 de setembro, 1930, 25.↩
- “Veio da Alemanha Para Trabalhar na Selva,” Revista Adventista, dezembro 1990, 7.↩
- “Michiles, José Batista” (Acervo do Centro Nacional da Memória Adventista/Centro de Pesquisas Ellen G. White: UNASP-EC, Engenheiro Coelho, SP), 958; O. Montgomery, “The Converting Power of the Printed Page,” ARH, 20 de julho, 1933, 24.↩
- O. S. Streithorst, Leo Halliwell na Amazônia (Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1979), 60; E. H. Wilcox, “Work in the Amazonas Territory--No. 4,” ARH, 11 de setembro, 1930, 18.↩
- Carta de Sonila Michiles Ferraz (Acervo do Centro Nacional da Memória Adventista/Centro de Pesquisas Ellen G. White: UNASP-EC, Engenheiro Coelho, SP), 2.↩
- O. S. Streithorst, Leo Halliwell na Amazônia (Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1979), 66-68.↩
- Camargo, Erney Plessmann, “Malária, maleira, paludismo,” Ciência e Cultura, janeiro/março, 2003, acessado em 18 de setembro, 2018, http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S0009-67252003000100021&script=sci_arttext&tlng=en.↩
- Carta de Sonila Michiles Ferraz (Acervo do Centro Nacional da Memória Adventista/Centro de Pesquisas Ellen G. White: UNASP-EC, Engenheiro Coelho, SP), 2.↩
- Carta de Sonila Michiles Ferraz (Acervo do Centro Nacional da Memória Adventista/Centro de Pesquisas Ellen G. White: UNASP-EC, Engenheiro Coelho, SP), 1; Excerto do jornal Tradição Política (Acervo do Centro Nacional da Memória Adventista/Centro de Pesquisas Ellen G. White: UNASP-EC, Engenheiro Coelho, SP); “Museu Centenário Contará História do Adventismo na Amazônia,” Fato Amazônico, 12 de maio, 2015, acessado em 8 de abril, 2020, https://www.fatoamazonico.com/em-maues-museu-centenario-contara-historia-pioneira-do-adventismo-na-amazonia/; Mackison Medeiros, “A História Político-Administrativo de Maués-Am,” WebArtigos, 10 de abril, 2010, acessado em 8 de abril, 2020, https://www.webartigos.com/artigos/a-historia-politico-administrativo-de-maues-am/35974.↩
- Carta de Sonila Michiles Ferraz (Acervo do Centro Nacional da Memória Adventista/Centro de Pesquisas Ellen G. White: UNASP-EC, Engenheiro Coelho, SP), 1-3.↩
- Carta de Sonila Michiles Ferraz (Acervo do Centro Nacional da Memória Adventista/Centro de Pesquisas Ellen G. White: UNASP-EC, Engenheiro Coelho, SP), 1; Estado do Amazonas Assembleia Legislativa (Acervo do Centro Nacional da Memória Adventista/Centro de Pesquisas Ellen G. White: UNASP-EC, Engenheiro Coelho, SP).↩