Schünemann, Bernardo Einrich (1911–1983)

Bernardo Einrich Schünemann contribuiu por mais de 35 anos à Igreja Adventista do Sétimo Dia no Brasil como administrador, 26 deles como gerente da Casa Publicadora Brasileira.

Bernardo Einrich Schünemann nasceu em 14 de outubro de 1911, na cidade de Curitiba, estado do Paraná, Brasil. Filho de Guilherme Schünemann e Olga Reimann, foi criado em um lar adventista “onde a luta pela sobrevivência era parte da vida diária da família”. Para ganhar o sustento, seu pai era fabricante de caramelo na indústria de doces, e sua mãe, costureira. Contudo, a pobreza não diminuía o interesse deles pela missão da igreja. Antes de Bernardo nascer, dedicaram-no a Deus, na esperança de que, no futuro, se tornasse missionário. Ele concluiu o ensino primário no Colégio Progresso, uma escola alemã localizada em Curitiba. Embora ficasse a três quilômetros de sua casa, tinha a vantagem de não ter aulas aos sábados.¹

Influenciado pela amizade com Siegfried Kümpel, obreiro na Missão Paraná-Santa Catarina, abandonou a pretensão de se tornar arquiteto em 1927, decidindo cursar Teologia no Colégio Adventista de São Paulo (hoje Unasp-SP). Para angariar recursos, trabalhou por quase dois anos na oficina do tio, conseguindo guardar o suficiente para um semestre de estudos no colégio. Ao chegar no local, conhecendo sua situação, o diretor George B. Taylor lhe deu uma bolsa de estudos, na qual, em troca, Bernardo trabalharia na área da manutenção. Além disso, ele colportava nas férias. Além de cursar Teologia, também frequentou aulas de administração e, em 1930, foi chamado para trabalhar no escritório da instituição. Graduou-se em 1932, sendo o porta-voz da sala.²

No início de 1933, aceitou o chamado para servir no escritório da Missão Nordeste, sediado na cidade de Recife, estado de Pernambuco.³ Antes de partir, se casou com Adele, filha de Guilherme e Sofia Malsbenden, com quem tinha amizade desde criança. A cerimônia foi oficiada em 23 de fevereiro de 1933, na Igreja Adventista de Curitiba, pelo Pastor Henrique Stoehr.⁴

Eles partiram para Recife em março de 1933; entretanto, a estadia do casal na cidade foi abreviada por um triste episódio. Ao fim do ano, sua filha recém-nascida faleceu devido a problemas de saúde, relacionados, principalmente, ao clima local. Essa grande tristeza e o clima quente também adoeceram Bernardo, então no início de 1934, eles voltaram para Curitiba e esperaram por uma nova proposta de trabalho.⁵ Isso aconteceu em maio, quando ele foi nomeado assistente ao tesoureiro da Associação Paulista. Enquanto servia nesse campo, nasceu sua segunda filha, Noelir (Relindes).⁶

Em 1935, Bernardo foi nomeado secretário-tesoureiro da Missão Sul-Rio-Grandense. Nesse período, supervisionou a construção da nova sede administrativa do campus, além de liderar o departamento de Publicações e ocupar a presidência interina na ausência do presidente em ofício. Nesse ínterim, nasceu a terceira filha, Elinar (Waldyr).⁷

Bernardo serviu nesse campo até dezembro de 1941, quando aceitou o chamado para ser tesoureiro da Casa Publicadora Brasileira (CPB), na época localizada na cidade de Santo André, estado de São Paulo. Assumiu a posição de Augusto Pages, que se aposentou.⁸

Após nove anos de serviço dedicados, em 1950, representou a publicadora adventista brasileira como delegado à assembleia da Associação Geral em São Francisco, Califórnia, Estados Unidos. No ano seguinte, em 3 de janeiro de 1951, Bernardo foi nomeado gerente geral da CPB, em lugar do Pastor Domingos Peixoto, que foi chamado para outro campo. Ocupou a posição por 26 anos, enfrentando vários desafios administrativos e financeiros com sucesso.⁹

Bernardo foi ordenado ao ministério em 24 de janeiro de 1953.¹⁰ Sob sua liderança, o parque gráfico da CPB foi modernizado com a aquisição de novos equipamentos, que aumentaram significativamente a qualidade e velocidade do setor de impressão. A implementação do sistema offset possibilitou à publicadora imprimir milhares de folhas por hora, ao mesmo tempo.¹¹

Diante dessa nova realidade, a expansão do espaço físico se tornou necessária. Ao longo de seu mandato, foram feitas duas expansões – a primeira em 1956, e a seguinte em 1968 – com aumento de quase sete mil metros quadrados ao parque gráfico. Como resultado, foram construídas novas alas para o estoque de papel e materiais impressos, os setores de envio de livros e administrativo, e o departamento de manutenção, além de uma biblioteca e uma área recreativa.¹²

Em termos de editoração, foi lançada em 1952 a revista infantil Nosso Amiguinho, e o departamento de artes foi criado, composto pelos desenhistas Heber Matos, Henrique Kaercher e Antônio Rios. A fim de auxiliar os editores, ele supervisionou a construção de uma biblioteca com extensa coleção de livros para pesquisa. Em sua administração, também incentivou a tradução de muitos livros de Ellen G. White para o português, e deu bastante atenção à obra da colportagem.¹³ Era conhecido por trabalhar até tarde da noite para resolver problemas administrativos e cuidar do bem-estar dos funcionários.¹⁴

Schünemann trabalhou na CPB até sua aposentadoria em março de 1977, quando Wilson Sarli assumiu a direção geral da publicadora. Em agosto do mesmo ano, mudou-se para a vizinhança do Unasp, campus São Paulo, e passou a frequentar a Igreja Adventista de Itapecerica da Serra, ajudando como professor de Escola Sabatina e da classe batismal. Três anos depois, sua saúde começou a se deteriorar, e em 20 de agosto de 1983, ele faleceu na cidade de São Paulo, aos 72 anos. A cerimônia fúnebre foi conduzida pelo Pastor Enoque de Oliveira, sendo sepultado no cemitério de Água Verde, em Curitiba, estado do Paraná.¹⁵

Bernardo Einrich Schünemann contribuiu por mais de 35 anos à Igreja Adventista do Sétimo Dia no Brasil como administrador nos estados do Nordeste, São Paulo e Rio Grande do Sul. Como gerente da Casa Publicadora Brasileira por 26 anos, é lembrado pelo crescimento que a publicadora vivenciou sob sua administração.

Referências

Lessa, Rubens S. Casa Publicadora 100 anos. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2000.

“Obra de publicações perde um de seus grandes vultos.” Revista Adventista 78, no. 10 (outubro 1983).

“Pastor Schünemann, 44 Anos de Relevantes Serviços.” Revista Adventista (fevereiro 1977).

Schünemann, Haller E. “Bernado Schünemann.” Monografia, Instituto Adventista de Ensino, 1984.

Westcott, H. B. “Mudanças e Acréscimos de Obreiros na União Este Brasileira uma obra em desenvolvimento.” Revista Adventista 28, no. 5 (maio 1933).

Notas de Fim

1. Rubens S. Lessa, “Casa Publicadora 100 anos” (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2000), 83; “Obra de Publicações Perde um de Seus Grandes Vultos,” Revista Adventista 78, no. 10 (outubro 1983): 26-28; Haller E. Schünemann, “Bernado Schünemann” (Monografia, Instituto Adventista de Ensino, 1984), 1-3.↩
2. Schünemann, “Bernado Schünemann,” 3-6; “Obra de Publicações Perde um de Seus Grandes Vultos,” Revista Adventista, 26-28.↩
3. “Obra de Publicações Perde um de Seus Grandes Vultos,” Revista Adventista, 26-28; Schünemann, “Bernado Schünemann,” 6; H. B. Westcott, “Mudanças e Acréscimos de Obreiros na União Este Brasileira uma obra em desenvolvimento,” Revista Adventista 28, no. 5 (maio 1933): 13.↩
4. Schünemann, “Bernado Schünemann,” 7-8.↩
5. Ibid., 8-10.↩
6. Ibid., 10; “Pastor Schüenemann, 44 Anos de Relevantes Serviços,” Revista Adventista (fevereiro 1977): 31.↩
7. Ibid., 11-13.↩
8. “Pastor Schüenemann, 44 Anos de Relevantes Serviços,” Revista Adventista, 31; “Obra de Publicações Perde um de Seus Grandes Vultos,” Revista Adventista, 26-28; Rubens S. Lessa, “Casa Publicadora 100 anos” (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2000), 82-83; Schünemann, “Bernado Schünemann,” 14.↩
9. “Obra de Publicações Perde um de Seus Grandes Vultos,” Revista Adventista, 26-28; Schünemann, “Bernado Schünemann,” 16-17; Lessa, “Casa Publicadora 100 anos”, 182.↩
10. “Pastor Schüenemann, 44 Anos de Relevantes Serviços,” Revista Adventista, 31.↩
11. Schünemann, “Bernado Schünemann,” 21, 26-28.↩
12. Ibid.; “Obra de Publicações Perde um de Seus Grandes Vultos,” Revista Adventista, 26-28.↩
13. Ibid., 26-28; Schünemann, “Bernado Schünemann,” 19-23.↩
14. “Pastor Schünemann, 44 Anos de Relevantes Serviços,” Revista Adventista, 31.↩
15. “Obra de Publicações Perde um de Seus Grandes Vultos,” Revista Adventista, 26-28; Schünemann, “Bernado Schünemann”, 25-29.↩
16. “Pastor Schünemann, 44 Anos de Relevantes Serviços,” Revista Adventista, 31.↩