Belz, Guilherme (Wilhelm) (1835–1912)
By The Brazilian White Center – UNASP
The Brazilian White Center – UNASP is a team of teachers and students at the Brazilian Ellen G. White Research Center – UNASP at the Brazilian Adventist University, Campus Engenheiro, Coelho, SP. The team was supervised by Drs. Adolfo Semo Suárez, Renato Stencel, and Carlos Flávio Teixeira. Bruno Sales Gomes Ferreira provided technical support. The following names are of team members: Adriane Ferrari Silva, Álan Gracioto Alexandre, Allen Jair Urcia Santa Cruz, Camila Chede Amaral Lucena, Camilla Rodrigues Seixas, Daniel Fernandes Teodoro, Danillo Alfredo Rios Junior, Danilo Fauster de Souza, Débora Arana Mayer, Elvis Eli Martins Filho, Felipe Cardoso do Nascimento, Fernanda Nascimento Oliveira, Gabriel Pilon Galvani, Giovana de Castro Vaz, Guilherme Cardoso Ricardo Martins, Gustavo Costa Vieira Novaes, Ingrid Sthéfane Santos Andrade, Isabela Pimenta Gravina, Ivo Ribeiro de Carvalho, Jhoseyr Davison Voos dos Santos, João Lucas Moraes Pereira, Kalline Meira Rocha Santos, Larissa Menegazzo Nunes, Letícia Miola Figueiredo, Luan Alves Cota Mól, Lucas Almeida dos Santos, Lucas Arteaga Aquino, Lucas Dias de Melo, Matheus Brabo Peres, Mayla Magaieski Graepp, Milena Guimarães Silva, Natália Padilha Corrêa, Rafaela Lima Gouvêa, Rogel Maio Nogueira Tavares Filho, Ryan Matheus do Ouro Medeiros, Samara Souza Santos, Sergio Henrique Micael Santos, Suelen Alves de Almeida, Talita Paim Veloso de Castro, Thais Cristina Benedetti, Thaís Caroline de Almeida Lima, Vanessa Stehling Belgd, Victor Alves Pereira, Vinicios Fernandes Alencar, Vinícius Pereira Nascimento, Vitória Regina Boita da Silva, William Edward Timm, Julio Cesar Ribeiro, Ellen Deó Bortolotte, Maria Júlia dos Santos Galvani, Giovana Souto Pereira, Victor Hugo Vaz Storch, and Dinely Luana Pereira.
First Published: January 29, 2020
Guilherme Belz (Wilhelm, em Alemão) um dos primeiros conversos ao adventismo no Brasil, nasceu no ano de 1835, na província da Pomerânia, pertencente atualmente ao território da Alemanha. Sua mãe chamava-se Luise Belz.1 Nascido em uma família luterana, Guilherme esteve em contato com as Escrituras quando era criança. Quando ainda em sua juventude, descobriu através do estudo da Bíblia que o sétimo dia era o único dia de guarda indicado por Deus. Ele ficou surpreso porque não entendia por que ele e sua família observavam o domingo. Ao perguntar a sua mãe sobre isso, ela o levou a um pastor luterano que não conseguiu lhe dar uma resposta convincente.2 Simplesmente disse que Cristo havia mudado o dia de repouso. Guilherme, então, decidiu deixar de lado o assunto, somente vindo a se deparar com ele novamente muitos anos depois, em terras longínquas.3
Como muitos imigrantes europeus, na segunda metade do século XIX, Guilherme emigrou para o Brasil. Fixou-se na colônia alemã de Braunschweig, hoje chamada Gaspar Alto, localizada perto da cidade de Brusque, estado de Santa Catarina.4 Casou-se com Johanna. Tiveram seis filhos: Emília, Reinhold, Francisco, Guilherme, Elfriede e Augusta.5 Foi em Gaspar Alto onde a inusitada história de sua conversão aconteceu.
Por volta do ano de 1878, um jovem chamado Borchardt, tendo cometido um delito, fugiu de Brusque e encontrou emprego em um navio que fazia a linha direta entre a Europa e a América do Sul. Em um certo ponto de sua viagem, esse jovem encontrou-se com missionários adventistas, que lhe pediram o endereço de alguma pessoa para quem pudessem enviar literatura.6 Respondendo positivamente a tal questionamento, Borchardt deu-lhes o endereço de seu padrasto, Carlos Dreefke, que residia em Brusque.7
Alguns anos após este episódio, em 1880,8 foi enviado para a mercearia de Davi Hort um pacote contendo dez exemplares da revista adventista em alemão, Stimme der Wahrheit (O Arauto da Verdade), endereçado a Carlos Dreefke. Naquela época, a mercearia de Hort era o local onde as correspondências eram entregues.9 De início, Dreefke receou receber o pacote, pois temia ter de arcar com as despesas decorrentes de tais entregas. Contudo, devido ao incentivo do dono da mercearia, ele concordou em abri-lo para ver sobre o que se tratava.
Assim que percebeu que era um pacote de revistas, Dreefke as distribuiu para nove pessoas interessadas no assunto, e elas continuaram a receber as novas edições que vieram. Não demorou muito para que ele, mais uma vez desconfiado, decidisse interromper o recebimento dessas entregas. Foi quando ele decidiu escrever uma carta solicitando o cancelamento da encomenda. A essa altura, um professor chamado Chikiwidowsky, que ficou sabendo do ocorrido, se interessou pelo assunto, prontificando-se a continuar recebendo as revistas no lugar de Dreefke, assumindo a responsabilidade por eventuais custos. Mais tarde, Chikiwidowsky também perdeu o interesse e atribuiu a responsabilidade a Dressler, um homem embriagado da região. Esse homem, interessado em conseguir dinheiro para comprar bebida, escreveu para o remetente das publicações pedindo mais literatura. Gradativamente, as pessoas para as quais ele costumava vender as revistas desenvolveram um interesse genuíno no assunto e anelavam pela chegada das novas edições. Percebendo este interesse, Dressler viu nele a oportunidade de ganhar mais dinheiro e enviou outra carta pedindo urgentemente mais literatura, até prometendo pagar por aquilo que fosse enviado.10
Uma quantidade maior de literatura foi enviada, assim como alguns livros, o que trouxe mais lucro para a Dreesler. Ele também os vendia a comerciantes que usavam o papel a fim de embrulhar mercadorias. Parte dessas publicações chegaram até Guilherme Belz. Um dia, ao voltar das compras na vila de Brusque, ele percebeu que havia algo escrito em alemão em um dos papéis de embrulho. Depois de investigar o conteúdo deste impresso, ficou preocupado e pensativo por várias semanas.11 Depois de um tempo ele foi até a casa de seu irmão Carl e encontrou o livro Gedanken über das Buch Daniel na prateleira, uma tradução alemã do livro Thoughts on Daniel, escrito por Uriah Smith. Quando pegou o livro para estudar, percebeu que tratava dos mesmos assuntos que o papel usado para embrulho, e o que chamou sua atenção foi o título de um dos capítulos: “O papado muda o dia de repouso”. Estes acontecimentos levaram-no a comparar o conteúdo dos materiais com a Bíblia. Foi assim que ele chegou à conclusão de que a observância do domingo era algo criado pela tradição humana e que o sábado do sétimo dia é o dia verdadeiro, estabelecido por Deus, e destinado a ser guardado.12
No sábado seguinte a este episódio, Guilherme não podia comer e parecia um pouco pálido no café da manhã, pois não se sentia à vontade para ir trabalhar com seu filho naquele dia. Johanna notou sua preocupação e questionou-o sobre o que estava acontecendo. Então Guilherme explicou o que tinha aprendido a respeito da veracidade do Sábado. Decidido a não mais transgredir o quarto mandamento da Lei de Deus, não foi trabalhar naquele dia. Convidou, então, sua esposa e os filhos mais novos para segui-lo em seu propósito de honrar a Deus. Estes não aceitaram de imediato, pois nada conheciam sobre o assunto. Guardaram o primeiro sábado pouco tempo depois, por volta do ano de 1890. Os três filhos mais velhos, Emília, Reinhold e Francisco, que já eram casados, não o aceitaram com facilidade. “Emília, a mais velha, jamais aceitou” a mensagem adventista. Pelo o que é noticiado no meio adventista, estes foram os primeiros guardadores do sábado no Brasil, antes mesmo da chegada de qualquer missionário adventista a estas terras.13
A atitude da família Belz em relação à verdade revelada nas Sagradas Escrituras teve resultados positivos. Através do seu testemunho, alguns de seus vizinhos conheceram e passaram a guardar o quarto mandamento, dentre eles as famílias Olm, Look e Thrun. Junto com a família Belz, eles formaram o primeiro núcleo de guardadores do Sábado no Brasil,14 que por volta de 1894 foi descoberta por Albert Bachmeyer. Ele era um colportor que havia abraçado os ensinos da Igreja Adventista, mas ainda não havia sido batizado, pelo fato de não haver na época um pastor ordenado no Brasil.
Albert comunicou a sua descoberta a W. H. Thurston, missionário adventista recém-chegado à cidade do Rio de Janeiro. Thurston, por sua vez, imediatamente entrou em contato com o Pr. Frank Westphal, o primeiro pastor ordenado designado para trabalhar na América do Sul, nessa ocasião residente na Argentina. Com o objetivo de concretizar esse pedido missionário, Westphal deixou Buenos Aires e chegou em Brusque em 30 de maio de 1895.
Lá ele batizou o primeiro grupo de convertidos composto por oito pessoas das famílias de Carlos Look e Carlos Thrun, no sábado, 8 de junho, no rio Itajaí-Mirim. Três dias depois ele batizou,15 o segundo grupo composto por Guilherme Belz e sua família, exceto sua filha mais velha Emília, acompanhada pela família do Sr. Olm e Albert Bachmeyer, o colportor que os havia encontrado.16
A partir desse primeiro núcleo composto por 23 pessoas, em 15 de junho de 1895, foi organizada a primeira Igreja Adventista do Sétimo Dia no Brasil,17 em Gaspar Alto, a segunda na América do Sul.18 Guilherme foi um dos organizadores desta igreja e também doador da propriedade onde foi construída.19 Além disso, foi o primeiro diácono eleito desta congregação,20 bem como o primeiro bibliotecário da Sociedade de Publicações, sendo responsável por receber e distribuir o material adventista proveniente dos Estados Unidos.21 O início desta nova igreja foi marcado por forte oposição e frequentes perseguições que, pela graça de Deus, foram todas vencidas.22 Deus tinha o Seu caminho para conduzir à verdade. Através de instrumentos inusitados, providenciou meios para que as boas novas do evangelho chegassem a estes corações que anelavam por mais luz. Guilherme Belz faleceu em 11 de março de 1912 e foi sepultado em Gaspar Alto juntamente com sua esposa.23
Referências
Borges, Michelson, A chegada do Adventismo ao Brasil. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2000.
Borges, Michelson. “O pioneiro do Brasil.” Revista Adventista, ano 100, no. 11, novembro, 2005, 9. Acessado em 14 de fevereiro de 2017. http://acervo.revistaadventista.com.br/.
Germano Streithorst. “O início de nossa Obra.” Revista Adventista, ano 53, no. 3, março, 1958, 29-30. Acessado em 15 de fevereiro de 2017, http://acervo.revistaadventista.com.br/.
Greenleaf, Floyd. Terra de Esperança: O Crescimento da Igreja Adventista na América do Sul. 1ª edição, Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2011.
Lessa, Rubens S. “Nossa Trajetória.” Revista Adventista, ano 104, n. 1215, Agosto, 2009, 23. Acessado em 11 de abril de 2016. http://acervo.revistaadventista.com.br.
Meyers, E. H.. “Uma Recapitulação dos Começos na América do Sul.” Revista Mensal, vol. 23, no. 10, outubro, 1928, 4-5. Acessado em 15 de fevereiro de 2017. http://acervo.revistaadventista.com.br/.
Moura, Marcelo Mendes de Melo. “A Origem do Adventismo no Vale do Itajaí, 1880-1895.” Dissertação de mestrado, Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia, Campus Engenheiro Coelho, 2015.
Nigri, Moisés. “Gaspar Alto: o marco inicial de um grande movimento.” Revista Adventista, ano 53, no. 2, fevereiro, 1958, 30. Acessado em 9 de setembro de 2016. http://acervo.revistaadventista.com.br/.
Olson, L. H. “Progressos da Obra na América do Sul.” Revista Adventista, year 51, n. 9, setembro, 1956, 3-4. Acessado em 14 de fevereiro de 2017, http://acervo.revistaadventista.com.br/.
Streithorst, G. “Santa Catharina.” Revista Adventista, vol. 19, no. 12, dezembro, 1924, 10. Acessado em 14 de fevereiro de 2017. http://acervo.revistaadventista.com.br/.
Waldvogel, Isolina A., História de nossa Igreja. 2ª edição, Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1965.
Westphal, F. H. “Brazil, Uruguay, and Argentina.” ARH, 1 de outubro de 1895, 12. Acessado em 15 de fevereiro de 2017. http://docs.adventistarchives.org/docs/RH/RH18951001-V72-40__B.pdf#view=fit.
“Westphal, Frank Henry.” In Seventh-Day Adventist Encyclopedia, 2ª edição, vol. 2. Hagerstown, MD: Review and Herald Publishing Association, 1996.
Westphal, Henry Francisco. Pionero em Sudamérica. 1ª edição, Libertador San Martín, Entre Ríos, AR: Universidad Adventista del Plata, 1997.
Wilson Luiz Paroschi. “Brasil: 90 anos de adventismo.” Revista Adventista, ano 82, no. 11, novembro, 1986, 25-27. Acessado em 11 de maio de 2017. http://acervo.revistaadventista.com.br/.
Notas de fim
- Michelson Borges, A chegada do Adventismo ao Brasil (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2000), 59.↩
- Ibid, 59.↩
- Henry Francisco Westphal, Pionero em Sudamérica (Libertador San Martín, ER: Universidad Adventista del Plata, 1997), 23.↩
- Michelson Borges, “O pioneiro do Brasil,” Revista Adventista, ano 100, n. 11, novembro, 2005, 9.↩
- Borges, A chegada do Adventismo ao Brasil, 59-61.↩
- Germano Streithorst, “O início de nossa Obra,” Revista Adventista, ano 53, n. 3, março, 1958, 29-30. E. H. Meyers, “Uma Recapitulação dos Começos na América do Sul,” Revista Mensal, v. 23, n. 10, outubro, 1928, 4-5.↩
- Meyers, 4-5.; Floyd Greenleaf, Terra de Esperança: O Crescimento da Igreja Adventista na América do Sul (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2011), 25.↩
- Streithorst, “O início de nossa Obra,” 29-30; Marcelo Mendes de Melo Moura, “A Origem do Adventismo no Vale do Itajaí, 1880-1895” (Mastership Dissertation, Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia, Campus Engenheiro Coelho, 2015), 32-38.↩
- Meyers, 4-5; Greenleaf, 25.↩
- Meyers, 4-5.↩
- Borges, A chegada do Adventismo ao Brasil, 59.↩
- L. H. Olson, “Progressos da Obra na América do Sul,” Revista Adventista, ano 51, n. 9, setembro, 1956, 3-4; G. Streithorst, “Santa Catharina,” Revista Adventista, v. 19, n. 12, dezembro, 1924, 10; Greenleaf, 25; Borges, A chegada do Adventismo ao Brasil, 59-61.↩
- Borges, A chegada do Adventismo ao Brasil, 59-61; Henry Francisco Westphal, Pionero em Sudamérica (Libertador San Martín, ER: Universidad Adventista del Plata, 1997), 23.↩
- Isolina A. Waldvogel, História de nossa Igreja (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1965), 308.↩
- Nigri, Moisés, “Gaspar Alto: o marco inicial de um grande movimento,” Revista Adventista, ano 53, no. 2, fevereiro, 1958, 30; Meyers, E. H., “Uma Recapitulação dos Começos na América do Sul,” 4-5.↩
- Meyers, “Uma Recapitulação dos Começos na América do Sul,” 4-5; Borges, A chegada do Adventismo ao Brasil, 61; Streithorst, “O início de nossa Obra,” 29-30; “Westphal, Frank Henry,” in Seventh-Day Adventist Encyclopedia, vol. 2, ed. Don F. Neufeld (Hagerstown, MD: Review and Herald Publishing Association, 1996), 870-871.↩
- Meyers, “Uma Recapitulação dos Começos na América do Sul,” 4-5; Rubens S. Lessa, “Nossa Trajetória,” Revista Adventista, ano 104, no. 1215, agosto, 2009, 23.↩
- Olson, 3-4.↩
- Nigri, 30.↩
- Borges, A chegada do Adventismo ao Brasil, 90.↩
- F. H. Westphal, “Brazil, Uruguay, and Argentina,” ARH, 1 de outubro de 1895, 12.↩
- Meyers, “Uma Recapitulação dos Começos na América do Sul,” 4-5.↩
- Wilson Luiz Paroschi, “Brasil: 90 anos de adventismo,” Revista Adventista, ano 82, no. 11, novembro, 1986, 27.↩