Sarli, Hermínio (1903–1977)

Hermínio Sarli, colportor e pastor, nasceu em 5 de junho de 1903, na cidade de Itapuí, estado de São Paulo, Brasil. Filho de Giuseppe Antônio Sarli e Adelaide Sarli, teve cinco irmãos: Elisa, Osvaldo, Alberto, Jodat e Magid.¹ Quando tinha seis anos de idade, seu pai infelizmente abandonou o lar.² Na juventude, Hermínio procurou pelo pai, mas sem sucesso.³

Como ele era o primogênito, na ausência do pai, começou a ajudar a mãe no sustento da família. Seu primeiro trabalho foi entregar marmitas para famílias afetadas pela febre amarela, que se espalhou pelo interior do estado de São Paulo. Ele também trabalhou como engraxate, vendedor de jornais, e entregador de marmitas.⁴ Sarli frequentou a escola até a terceira série. Não tinha os recursos necessários para continuar os estudos; no entanto, sempre se destacou como um bom estudante. Desde a infância, ele amava ler, o que possibilitou a Hermínio adquirir um bom domínio em conhecimentos gerais.⁵

Por volta de 1926, quando ainda era membro da Igreja Presbiteriana, teve o primeiro contato com a mensagem adventista por meio do livro Nossa Época à Luz da Profecia, que sua mãe havia adquirido de dois colportores. Além do livro, o missionário Abraão Carlos Ennis também influenciou em sua conversão, ao iniciar estudos bíblicos com Hermínio e sua mãe. Não demorou muito para que um grupo de interessados no estudo da Bíblia se formasse na cidade de Jaú, estado de São Paulo.⁶

No início de 1927, aos 24 anos de idade, Hermínio conheceu Eulália Minguili (1906-1986), com quem se casou em 12 de maio daquele ano.⁷ Por quase cinquenta anos, sua esposa foi uma fiel e dedicada companheira ao seu lado, tanto em serviços para a igreja como para com a família. Da união, nasceram sete filhos: Wilson, Ruth, Tercio, Esther, Joel, Paulo e Eunice.⁸

Hermínio foi batizado em 4 de maio de 1931, na cidade de Jaú, junto à mãe e à esposa, após uma série de estudos bíblicos conduzidos pelo Pastor Luís Braun. A decisão pelo batismo foi difícil para Hermínio, pois era viciado em cigarro, tendo fumado por 18 anos. Já para Eulália, havia grande pressão da família, que era católica. Ao lado de Adelaide, sua mãe, e algumas outras pessoas, eles foram os primeiros conversos da cidade de Jaú.⁹ Ao se unir à Igreja Adventista, Hermínio tornou-se um leitor regular da Bíblia e dos escritos de Ellen G. White, além de se tornar um grande apreciador das profecias bíblicas e da música sacra.¹⁰

Uma vez que Hermínio havia conhecido a mensagem adventista por meio de um colportor, decidiu dedicar sua vida à colportagem também.¹¹ Enquanto vivia com a família em Jaú, ele trabalhou tanto em cidades próximas como distantes. Contudo, observou que seus filhos estavam vivenciando más influências na cidade por parte de outros jovens; então, decidiu se mudar para a região rural. Comprou uma pequena fazenda, onde estabeleceu o lar da família por algum tempo, enquanto visitava as cidades próximas e vendia livros. Quando alcançaram a idade apropriada, seus filhos também aprenderam a colportar para ajudar com as mensalidades escolares, enquanto estudantes em internatos adventistas.¹²

Hermínio se destacou como um dos colportores mais bem-sucedidos em vendas nas áreas rurais do estado de São Paulo. Seus meios de transporte eram uma bicicleta e um cavalo. Em 1944, foi chamado para auxiliar estudantes a colportar.¹³ No ano seguinte, tornou-se diretor associado do departamento de colportagem da Associação Paulista.¹⁴ Em 1949, se mudou com a família para a cidade de São Paulo e matriculou os filhos no Colégio Adventista Brasileiro (hoje Centro Universitário Adventista de São Paulo).¹⁵ No ano seguinte, tornou-se diretor do departamento de Publicações da Associação Paulista.¹⁶

Hermínio colportou por 25 anos ininterruptos, fazendo dele um dos pioneiros da colportagem no estado de São Paulo. Na época, a Associação Paulista abrangia todo o estado de São Paulo e pertencia à União Sul Brasileira.¹⁷

Em janeiro de 1956, Hermínio foi ordenado ao ministério pastoral e convidado a servir como pastor distrital. Seu primeiro distrito foi na região de Taubaté, que abrangia boa parte da estrada de ferro central do Brasil, chegando à fronteira com o Rio de Janeiro. Após quatro anos de trabalho pastoral em Taubaté, foi transferido para um distrito na cidade de Lucélia, estado de São Paulo. Mais tarde, foi pastor em Bragança Paulista, seu último distrito. Hermínio serviu aproximadamente dez anos no ministério pastoral, fazendo visitas aos membros de igreja, grupos, e também se destacou na construção de igrejas. Aonde ia, se não houvesse um prédio para a igreja, ele construía um. Assim, Hermínio encerrou oficialmente sua carreira em 1963.¹⁸

Mesmo aposentado, ele nunca deixou de ajudar as igrejas de que era membro, realizando batismos, pregando, com recoltas, visitando membros,¹⁹ e incentivando novos obreiros.²⁰ Em 17 de fevereiro de 1977, foi atingido por um carro enquanto caminhava na cidade de São Paulo. Hermínio recebeu ajuda do rapaz que dirigia o carro, mas apesar dos seus esforços, ele faleceu cinco dias depois, em 22 de fevereiro de 1977, aos 74 anos. A cerimônia fúnebre foi realizada na Igreja Adventista do Capão Redondo, da qual era um membro ativo. O sermão foi apresentado pelo Pastor Alcides Campolongo, que era amigo da família.²¹

Ao todo, o Pastor Hermínio Sarli dedicou 35 anos ao serviço da Igreja Adventista do Sétimo Dia.²² Como colportor, ele prestou grande contribuição ao avanço da mensagem adventista por meio da obra de publicações no Brasil. Era um colportor muito solícito e nunca descansava sem ter completado a tarefa que lhe havia sido designada. Então, como pastor ordenado, ajudou a construir muitas igrejas no estado de São Paulo.

Referências

“Noticiário: Divisão Sul-Americana Comunicação,” Revista Adventista, abril, 1977.

“Noticiário: Pastor Hermínio Sarli Descansa no Senhor,” Revista Adventista, abril, 1977.

Sarli, Esther. Hermínio Sarli: Memórias de Um Pioneiro. 1ª edição, Campinas, SP: Certeza Editorial, 2014.

Waldvolgel, Luiz. “Associação Paulista.” Revista Adventista, abril, 1950.

Notas de Fim

1. Esther Sarli, Hermínio Sarli: Memórias de Um Pioneiro (Campinas, SP: Certeza Editorial, 2014), 23, 28.↩
2. Ibid., 30.↩
3. Ibid., 34.↩
4. Ibid., 47, 48.↩
5. Ibid., 48.↩
6. Ibid., 76.↩
7. Ibid., 69, 71, 73.↩
8. Ibid., 76-79.↩
9. Ibid., 76-79.↩
10. Ibid., 49.↩
11. Ibid., 95.↩
12. Ibid., 155.↩
13. “Noticiário: Pastor Hermínio Sarli Descansa no Senhor,” Revista Adventista, abril, 1977, 18.↩
14. Ibid.↩
15. Sarli, 116.↩
16. Luiz Waldvolgel, “Associação Paulista,” Revista Adventista, abril, 1950, 11.↩
17. Ibid., 140, 141.↩
18. Ibid.; “Noticiário: Pastor Hermínio Sarli Descansa no Senhor,” 18.↩
19. “Noticiário: Pastor Hermínio Sarli Descansa no Senhor,” 18.↩
20. “Noticiário: Divisão Sul-Americana Comunicação,” Revista Adventista, abril, 1977, 30.↩
21. Sarli, 158, 159.↩
22. Ibid., 269.↩