Gedrath, André (c. 1875–1963)
By Daniel Oscar Plenc
Daniel Oscar Plenc, Th.D. (River Plate Adventist University, Entre Ríos, Argentina), currently works as a theology professor and director of the White Research Center at the River Plate Adventist University. He worked as a district pastor for twelve years. He is married to Lissie Ziegler and has three children.
First Published: January 29, 2020
André Gedrath foi um colportor adventista escocês, missionário no sul do Brasil e pioneiro do trabalho médico-missionário no norte do Brasil.1
Primeiros Anos e Início do Trabalho com Publicações (c. 1875–1926)
As informações biográficas disponíveis sobre André Gedrath são escassas, embora inspiradoras para cristãos que desejam se tornar missionários. Gedrath nasceu na Escócia em 1875, e emigrou durante a I Guerra Mundial.2 No navio, ele conheceu uma família adventista de sobrenome Kipling, e mais tarde se casou com a filha do casal. Gedrath e sua esposa viveram no estado do Rio Grande do Sul e tiveram três filhas; no entanto, sua esposa faleceu após o nascimento da terceira filha.
Gedrath colportou por um tempo no estado de São Paulo, enquanto suas filhas estavam sob o cuidado dos avós. Por volta de 1918, foi eleito responsável pela missão de campo na Associação Catarinense.3 De 1920 a 1922, deixou a obra de publicações e foi para o Seminário Adventista (futuro Colégio Adventista Brasileiro), onde foi diretor da fazenda. Em seguida, retornou à colportagem (o que era sua verdadeira vocação) e trabalhou em muitos estados do sul do país. Em todos esses anos, manteve o desejo trabalhar um dia na Amazônia.
Pioneiro no Norte do Brasil (1927–1963)
Quando a Missão Baixo Amazonas foi criada, em 1927, com o propósito de evangelizar o Norte do Brasil, André Gedrath foi eleito para integrar o primeiro grupo de missionários, ao lado de John Lewis Brown (1888–1972), presidente, e do colportor alemão Hans Mayr (1905–2004).4 A equipe deixou a cidade do Rio de Janeiro, administrada pela União Leste Brasileira, e chegou à cidade de Belém, estado do Pará, em 29 de maio de 1927, onde os missionários alugaram uma casa para servir de moradia e também como centro de operações. Gedrath, viúvo e na casa dos 50 anos, exerceu grande contribuição, devido à sua experiência na área de colportagem e pelo uso dos barcos da missão.5 Ele teve um ministério bem sucedido.6 Walter J. Streithorst, sucessor de Leo Halliwell na União Norte Brasileira, informou que Hans Mayr e André Gedrath, que iniciaram seu trabalho na região em 1927, foram os pioneiros da colportagem na Amazônia.7
Gedrath trabalhou primeiro em Belém, onde obteve bons resultados e recebeu a ajuda de autoridades locais; logo depois, colportou em Fortaleza, estado do Ceará, onde foi preso, punido e quase baleado, sendo acusado de espalhar propaganda comunista.8 Ele foi liberto da prisão pela intervenção de um advogado a quem havia vendido uma Bíblia.9
Com o intuito de entrar na floresta amazônica e trabalhar com a população ribeirinha, Gedrath e Mayr decidiram construir barcos.10 O barco de Gedrath seria maior, o qual ele usaria como moradia, equipado com uma máquina a vapor movida por uma roda hidráulica.11 Contudo, a força do motor era insuficiente e o barco pesado foi arrastado pelas águas. Assim, Gedrath e Mayr trabalharam juntos por um tempo no rio Amazonas e seus afluentes.12 Em 1929, J. L. Brown foi substituído por Leo Halliwell (1891–1967) na direção da Missão Baixo Amazonas. Halliwell logo entendeu o valor do trabalho dos colportores e conseguiu que a União Este Brasileira fornecesse um barco para André Gedrath chamado Mensageiro.13
Outra Tarefa Evangelística e o Fim do Seu Ministério
Através do testemunho de L. B. Halliwell, sabe-se que Gedrath colaborou com uma série evangelística realizada no ano de 1932 em um teatro de Manaus, com frequência entre 1.200 e 1.500 pessoas todas as noites.14 Em 1937, Gedrath começou trabalho evangelístico no estado do Piauí, o qual foi consolidado e progrediu com a chegada de Roger A. Wilcox em julho de 1938. L. B. Halliwell também relata uma viagem que Gedrath fez ao estado do Maranhão, onde vendeu muitos livros. Ele também relembra que, três anos mais tarde, aquele campo foi organizado, tornando-se a Missão Costa Norte, sob a direção de R. A. Wilcox. Algumas cartas, recebidas no escritório de Halliwell, informavam que algumas pessoas guardavam o sábado como resultado dos livros vendidos por Gedrath.15
André Gedrath faleceu em 20 de agosto de 1963, aos 88 anos, no Hospital Adventista de Belém, estado do Pará. A cerimônia fúnebre foi dirigida pelo presidente da Missão Baixo Amazonas, e Claudomiro Fonseca fez o discurso no sepultamento.16 Na ocasião, foi relembrado que André Gedrath deixou um exemplo de sacrifício, dedicação e entrega à missão da igreja - características de um verdadeiro pioneiro.17
Referências
Almeida, Helbert. “Pontes de esperança [Bridges of Hope].” Mais Destaque Norte 1, no. 1 (abril-junho 2014).
Baerg, John. “North Brazil—A Fertile Field [Norte do Brasil – Um Campo Fértil].” Mission Quarterly 36, no. 1 (Primeiro Trimestre 1947): 8.
Brown, John L. “A Coisa Vae”. Revista Mensal 22, no. 8 (agosto 1927).
———. “A Obra Publicadora.” Revista Mensal, no. 21 (novembro 1926).
———. “Missão Baixo Amazonas.” Revista Mensal 22, no. 8 (agosto 1927).
Carvalho, Aldo. “Fim da Jornada.” Revista Adventista 59, no. 9 (setembro 1964).
Costa, Marcio. “Pioneirismo da IASD no Norte Brasileiro.” Manuscrito não publicado, disponível no Centro White da Faculdade Adventista da Amazônia, Benevides, Pará, Brasil.
Dick, E. D. “A Colporteur Held in High Esteem [Um Colportor Tido em Alta Estima].” Review and Herald 118, no. 13 (27 de março, 1941).
Halliwell, Leo B. Light Bearer to the Amazon [Leo Halliwell na Amazônia]. Nashville: Southern Publishing Association, 1945.
Johnson, J. B. “Abrindo Novos Territórios no Norte.” Revista Mensal 22 (setembro 1927).
Lessa, Rubens S. Construtores de Esperança: na trilha dos Pioneiros Adventistas da Amazônia. 1ª ed. Tatuí, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2016.
Mayr, Hans. El abuelito Hans [O Vovô Hans]. Buenos Aires: Associação Casa Publicadora Sul-Americana, 2004.
Montgomery, Oliver. “First Word From the Lower Amazon [Primeiras Notícias do Baixo Amazonas].” ARH 104, no. 37 (15 de setembro de 1927).
Plenc, Daniel Oscar. “Dos abuelos en el Amazonas [Dois avôs no Amazonas].” Revista Adventista 115, no. 12 (dezembro de 2015).
Pohler, Rolf J. Da cidade de Ulm às margens do Donau para Belém na Amazonia. In http://www.thh-friedensau.de/wp-content/uploads/2013/04/Aufsatz-Vortrag109b.pdf.
Spies, F. W. “A special message to colporteurs [Uma mensagem especial aos colportores].” ARH, 6 de janeiro de 1919.
———. “Santa Catharina Conference Brazil [Associação Catarinense].” ARH, 8 de janeiro de 1920, 24.
Streithorst, Olga C. Storch. Leo Halliwell na Amazônia. Santo André, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1979.
Streithorst, Walter Jonathan. Minha Vida na Amazônia. 1ª ed. Tatuí, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1993.
Waldvogel, Luiz. “Fim da Jornada.” Revista Adventista 59, no. 9 (setembro de 1964).
Wilcox, Elmer Harry. “Around in the amazon [Circulando no Amazonas].” ARH, 17 de junho de 1937.
———. “Work in the Amazonas territory [Trabalho no território do Amazonas], No. 1.” ARH, 21 de agosto de 1930.
Notas de Fim
- Daniel Oscar Plenc, “Dos abuelos en el Amazonas,” Revista Adventista 115, no. 12 (dezembro de 2015): 32, 33.↩
- Uma estimativa com base na idade e data de falecimento de André Gedrath permite uma estimativa do ano de seu nascimento. O registro do cemitério de São Jorge, em Marambaia, na cidade de Belém, Pará, onde está sepultado, relata que André Gedrath, de afiliação desconhecida, faleceu em 20 de agosto de 1963, aos 88 anos (Ordem 84, sepultura no. 1072, Quadra 1 C) A doença é descrita como “Peritoni siderada”, e o médico que assinou o óbito foi Delio A. Almeida. O enterro saiu da Rua Mauriti 1115, Belém, estado do Pará, Brasil.↩
- F. W. Spies, “A Special Message to Colporteurs [Uma Mensagem Especial aos Colportores],” ARH, 06 de janeiro de 1919, 25; F. W. Spies, “Santa Catharina Conference Brazil [Associação Catarinense],” ARH, 08 de janeiro de 1920, 24.↩
- Ver: Hans Mayr, El abuelito Hans (Buenos Aires: Associação Casa Publicadora Sul-Americana, 2004). Ver também: Rolf J. Pohler, Da cidade de Ulm às margens do Donau para Belém na Amazonia, in http://www.thh-friedensau.de/wp-content/uploads/2013/04/Aufsatz-Vortrag109b.pdf; Helbert Almeida, “Pontes de esperança,” Mais Destaque Norte 1, no. 1, abril-junho 2014, 3; J. B. Johnson, “Abrindo Novos Territorios no Norte,” Revista Mensal 22 (setembro 1927): 6; John L. Brown, “Missão Baixo Amazonas,” Revista Mensal 22 (agosto 1927): 11; Elmer Harry Wilcox, “Around in the Amazon,” Review and Herald 114, no. 24 (17 de junho 17 de 1937): 24; Oliver Montgomery, “First Word From the Lower Amazon [Primeiras Notícias do Baixo Amazonas],” Review and Herald 104, no. 37 (15 de setembro de 1927): 11; Elmer Harry Wilcox, “Work in the Amazonas Territory [Trabalho no Território do Amazonas], No. 1,” ARH 107, no. 45 (21 de agosto de 1930): 19.↩
- Rubens S. Lessa, Construtores de Esperança: na trilha dos Pioneiros Adventistas da Amazônia, 1ª ed. (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2016), 44–48; Leo B. Halliwell, Light Bearer to the Amazon [Leo Halliwell no amazonas] (Nashville: Southern Publishing Association, 1945), 106; Mayr, 100, 110-140.↩
- Marcio Costa escreveu sobre o sucesso da tarefa dos colportores pioneiros no Amazonas: “Os colportores Mayr e Gedrath colocaram a Missão Baixo Amazonas em segundo lugar nas vendas da América do Sul, atrás apenas da Missão Bahia, que passou de cinco para 11 colportores. Os colportores Brown, Gedrath e Mayr dividiram entre si as cidades a serem trabalhadas, e foram de barco conforme a disponibilidade. Inicialmente, Brown ficou com Manaus (Amazonas), Gedrath com Fortaleza (Ceará) e Mayr com São Luis (Maranhão).” Manuscrito não publicado intitulado: “Pioneirismo da IASD no Norte Brasileiro,” disponível no Centro White da Faculdade Adventista da Amazônia, Benevides, Pará. Ver: John L. Brown, “A Coisa Vae,” Revista Mensal 22, no. 8 (agosto de 1927): 10, 11. John L. Brown, “A Obra Publicadora,” Revista Mensal 21, no. 21 (novembro de 1926): 13.↩
- Walter Jonathan Streithorst, Minha Vida na Amazônia, 1ª ed. (Tatuí, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1993), 140.↩
- J. B. Johnson, “Abrindo Novos Territorios no Norte,” Revista Mensal 22, no. 9 (setembro de 1927): 6; Olga C. Storch Streithorst, Leo Halliwell na Amazônia (Santo André, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1979), 112; Halliwell, 107, 108.↩
- Aqui estão as palavras do advogado, publicadas em um jornal de Fortaleza: “Estando doente no hospital, um homem baixo, escocês e muito comunicativo veio até minha cama. Ele me apresentou uma cópia das Sagradas Escrituras. Que livro maravilhoso nas mãos de André Gedrath! Tudo está previsto e profetizado: a queda dos grandes impérios, a desagregação do Império Romano em dez países europeus, a Revolução Francesa, enfim, tudo estava previsto de antemão. Agora, se André encontrou nas profecias da Bíblia o surgimento do comunismo, isso não significa que ele seja comunista. Estou totalmente convencido de que André não é comunista. Se alguém provar que estou errado, desistirei de defendê-lo; caso contrário, lutarei até que Gedrath seja liberto. Walter Streithorst continuou dizendo: “Esse advogado o defendeu voluntariamente, sem nenhum custo para André. Essa amizade e visão favorável de nosso colportor veterano deveu-se à sua visita ao hospital àquele advogado doente para trazer-lhe conforto e a Palavra de Deus” (W. Streithorst, 101).↩
- Mayr, 110; John Baerg, “North Brazil–A Fertile Field [Norte Brasileiro – Um Campo Fértil],” Mission Quarterly 36, no. 1 (Primeiro Trimestre, 1947): 8.↩
- Mayr, 112.↩
- Walter Streithorst (1918–2007) registra as palavras que Hans Mayr lê para Gedrath nesse momento de crise: “Sou novo aqui, não sei nada sobre rios, enquanto você é um grande marinheiro. Não tenho experiência e não conheço os perigos dos rios. Venha comigo. Vamos trabalhar juntos.” Eles o fizeram. Streithorst concluiu: “Mas seus precursores já haviam ‘suavizado o caminho’. Abençoado trabalho de colportagem! Abençoados sejam esses heróis anônimos!” Walter Streithorst, 102.↩
- Mayr, 146.↩
- Rubens S. Lessa, Construtores de Esperança: na trilha dos Pioneiros Adventistas da Amazônia, 1ª ed. (Tatuí, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2016).↩
- Halliwell, 108; E. D. Dick, “A Colporteur Held in High Esteem [Um Colportor Tido em Alta Estima],” ARH 118, no. 13 (27 de março de 1941): 32.↩
- Mayr, 104. Aldo Carvalho, “Fim da Jornada,” Revista Adventista 59, no. 9 (setembro de 1964): 34.↩
- Gedrath foi descrito assim por alguém que o conhecia bem: “Um homem de temperamento duro, espírito proativo indomável, nunca desanimado ou indisposto.” Luiz Waldvogel, “Fim da Jornada,” Revista Adventista 59, no. 9 (setembro de 1964): 34.↩