Antônio Zuza Ferreira

Photo courtesy of Brazilian White Center - UNASP.

Ferreira, Antônio Zuza (1924–2017)

By The Brazilian White Center – UNASP

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The Brazilian White Center – UNASP is a team of teachers and students at the Brazilian Ellen G. White Research Center – UNASP at the Brazilian Adventist University, Campus Engenheiro, Coelho, SP. The team was supervised by Drs. Adolfo Semo Suárez, Renato Stencel, and Carlos Flávio Teixeira. Bruno Sales Gomes Ferreira provided technical support. The following names are of team members: Adriane Ferrari Silva, Álan Gracioto Alexandre, Allen Jair Urcia Santa Cruz, Camila Chede Amaral Lucena, Camilla Rodrigues Seixas, Daniel Fernandes Teodoro, Danillo Alfredo Rios Junior, Danilo Fauster de Souza, Débora Arana Mayer, Elvis Eli Martins Filho, Felipe Cardoso do Nascimento, Fernanda Nascimento Oliveira, Gabriel Pilon Galvani, Giovana de Castro Vaz, Guilherme Cardoso Ricardo Martins, Gustavo Costa Vieira Novaes, Ingrid Sthéfane Santos Andrade, Isabela Pimenta Gravina, Ivo Ribeiro de Carvalho, Jhoseyr Davison Voos dos Santos, João Lucas Moraes Pereira, Kalline Meira Rocha Santos, Larissa Menegazzo Nunes, Letícia Miola Figueiredo, Luan Alves Cota Mól, Lucas Almeida dos Santos, Lucas Arteaga Aquino, Lucas Dias de Melo, Matheus Brabo Peres, Mayla Magaieski Graepp, Milena Guimarães Silva, Natália Padilha Corrêa, Rafaela Lima Gouvêa, Rogel Maio Nogueira Tavares Filho, Ryan Matheus do Ouro Medeiros, Samara Souza Santos, Sergio Henrique Micael Santos, Suelen Alves de Almeida, Talita Paim Veloso de Castro, Thais Cristina Benedetti, Thaís Caroline de Almeida Lima, Vanessa Stehling Belgd, Victor Alves Pereira, Vinicios Fernandes Alencar, Vinícius Pereira Nascimento, Vitória Regina Boita da Silva, William Edward Timm, Julio Cesar Ribeiro, Ellen Deó Bortolotte, Maria Júlia dos Santos Galvani, Giovana Souto Pereira, Victor Hugo Vaz Storch, and Dinely Luana Pereira.

 

 

First Published: December 15, 2021

Antônio Zuza Ferreira, colportor, nasceu em 10 de julho de 1924, na cidade de Baixio, interior do estado do Ceará, Brasil. Seus pais, Pedro Zuza Alves e Maria Antônia da Conceição, tiveram 19 filhos, dos quais apenas 14 sobreviveram à seca. Eram tempos difíceis no Ceará – o trabalho no campo era árduo, a comida, escassa e o acesso à educação, desafiador. Além disso, Antônio Zuza era gago e isso causou sérias dificuldades em sua comunicação, como também tornou sua infância infeliz. Ele trabalhou nos campos desde pequeno até se tornar adulto; consequentemente, não teve a oportunidade de estudar e cresceu analfabeto.1

Desde criança, Zuza sonhava em ter uma vida melhor, na qual ele poderia trabalhar o suficiente para comer bem e visitar outros lugares. A fim de escapar da fome e da miséria, assim que completou 24 anos, Zuza foi em busca dos seus sonhos. Praticamente incapaz de se comunicar e sem recurso algum, ele deixou o Ceará com apenas as roupas do corpo e começou uma longa jornada para São Paulo, a aproximadamente 3000 quilômetros de distância.2

A jornada levou mais de dois anos, e Zuza não sabia como iria se alimentar, dormir ou até mesmo se estava indo na direção certa. Ao longo de sua trajetória, pedia por abrigo e comida às pessoas em seu caminho. Quando encontrava uma oportunidade, trabalhava em várias atividades, principalmente nos campos, capinando e, também carregando sacos de cimento à beira de

estradas. Nem sempre conseguia um serviço, por isso, em ocasiões extremas, dormia em estações de ônibus, praças, nas matas e ainda fugia dos cangaceiros3 que o procuravam para agredi-lo.4

Anos mais tarde, Zuza costumava dizer que, mesmo depois de todo sofrimento passado durante sua viagem a São Paulo, suportando o frio, a fome e não sendo compreendido, ele se sentia grato pelas várias experiências que vivenciou, especialmente por ter alcançado seu objetivo, que era encontrar uma nova realidade onde poderia ter uma vida diferente.5

Depois de chegar ao estado de São Paulo, Zuza teve seu primeiro contato com a Igreja Adventista, onde conheceu um pastor que lhe falou sobre o amor de Deus. Certo dia, o pastor disse: “tenha fé em Deus, ore, e Ele irá curá-lo”. Eles oraram juntos e, ao final de fervorosa oração, Zuza miraculosamente se tornou capaz de pronunciar as palavras corretamente. A partir daquele dia, ele se envolveu com a Igreja e começou a falar sobre o amor de Deus para várias pessoas. Para um gago que mal conseguia dizer corretamente uma palavra sequer, aquele foi o maior milagre de sua vida.6

Um tempo depois, Zuza se estabeleceu na cidade de Hortolândia, interior de São Paulo. Na igreja local, conheceu um homem chamado Jordão Schiavetto, um dos pioneiros adventistas da cidade e pai da mulher que se tornaria sua esposa. Em 1952, casou-se com Maria Aparecida Ferreira e, para sustentar sua família, começou a vender livros denominacionais através da Igreja. O casal teve três filhas: Leonice Ferreira de Morais, Berenice Cleide Ferreira e Sueli Ferreira, além de terem seis netos e quatro bisnetos.7

Zuza trabalhou durante 57 anos como colportor, e nessa função, viajou por quase todo o território brasileiro. Durante suas viagens, pôde vivenciar e aprender muitas coisas, apesar de ser analfabeto. Além de vender livros, ele sempre servia a igreja local e era conhecido como um homem de fé e oração. Zuza trabalhou até 2009, quando, aos 85 anos, começou a se dedicar exclusivamente aos cuidados da esposa doente, que faleceu três anos depois, após 60 anos de casamento.8

Antônio Zuza Ferreira é lembrado como um homem de fé, trabalhador, que embora tenha passado por várias dificuldades, pela graça de Deus, conseguiu vencer na vida. Assim como aquele pastor que foi usado por Deus para curá-lo, Zuza também permitiu ser usado por Ele e, através de suas orações, muitas pessoas foram curadas e famílias, restauradas. Zuza viveu por 93 anos e faleceu no dia 20 de outubro de 2017. Ele tinha uma boa memória e sabia o nome de quase todas as avenidas e ruas que caminhou em seu trabalho com a colportagem, que abrangem praticamente todos os estados do Brasil. Para ele, a vida tinha um propósito, e sua história de superação serve de exemplo para que as pessoas não desistam de seus objetivos e tenham fé em Deus.9

 Notas de Fim

  1. Leonice Ferreira de Morais, entrevistada por Renato Stencel, Engenheiro Coelho, São Paulo, 24 de abril, 2020.
  2. Ibid.
  3. Um grupo de criminosos violentos que atuavam no Nordeste do Brasil até a metade do século XX, comandados por Virgulino Ferreira da Silva, mais conhecido como Lampião.
  4. Leonice Ferreira de Morais, entrevistada por Maria Júlia dos Santos Galvani, Engenheiro Coelho, São Paulo, 20 de maio, 2020.
  5. Ibid.
  6. Ibid.
  7. Ibid.
  8. Ibid.
  9. Ibid.
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UNASP, The Brazilian White Center –. "Ferreira, Antônio Zuza (1924–2017)." Encyclopedia of Seventh-day Adventists. December 15, 2021. Accessed February 19, 2025. https://encyclopedia.adventist.org/article?id=FIHN.

UNASP, The Brazilian White Center –. "Ferreira, Antônio Zuza (1924–2017)." Encyclopedia of Seventh-day Adventists. December 15, 2021. Date of access February 19, 2025, https://encyclopedia.adventist.org/article?id=FIHN.

UNASP, The Brazilian White Center – (2021, December 15). Ferreira, Antônio Zuza (1924–2017). Encyclopedia of Seventh-day Adventists. Retrieved February 19, 2025, https://encyclopedia.adventist.org/article?id=FIHN.