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The third headquarters of the South American Division, Brasilia, Brazil, in 2011.

Photo courtesy of the South American Division Archives.

Divisão Sul-Americana

By Ruben Dargã Holdorf

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Ruben Dargã Holdorf

First Published: November 22, 2021

A Divisão Sul-Americana (DSA) é uma das 13 divisões administrativas da Igreja Adventista do Sétimo Dia que compõem e, ao mesmo tempo, representam esta denominação no mundo.

A Divisão Sul-Americana abrange oito países sul-americanos: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai. De acordo com a secretaria da sede continental, 2.466.497 membros congregam em 13.736 igrejas e 14.117 grupos. Há um adventista do sétimo dia para cada 266 pessoas que moram nessa região. A organização eclesiástica no território inclui: 16 Uniões, 52 Associações e 32 Missões; 21.470 professores que atuam em 17 universidades e instituições de ensino superior e 965 escolas de ensino fundamental e médio; duas casas publicadoras e duas indústrias alimentícias; 193 emissoras de rádio e televisão; bem como sete hospitais e nove clínicas. Há 2.508 obreiros e 4.826 pastores trabalhando nessas instituições.1

História Organizacional

De 1916 a 1975, a Divisão Sul-Americana foi liderada por nove norte-americanos de ascendência britânica e escandinava e, nas últimas três administrações, continuou sob a presidência de descendentes de imigrantes alemães.

Esses pastores nasceram no Brasil, como, por exemplo, Enoch de Oliveira (1975-1980), o primeiro pastor nascido no continente a assumir a direção da Igreja após quase seis décadas sob a tutela de pessoas de fora do continente. Suas expressões e bordões como “Ouço os passos de um Deus que se aproxima” evidenciam a qualidade de sermões inesquecíveis, pelos quais lhe foi atribuído o epíteto “Príncipe dos oradores adventistas”. Como disse ele, “o fervor dos africanos, o zelo dos adventistas da (Divisão) Interamericana e a dedicação dos adventistas coreanos” demandavam sua atenção. Na América do Sul, ele ficou impressionado com a identidade uniforme dos adventistas, mesmo em face de culturas variadas.2

O perfil dos oito países sul-americanos que compõem essa unidade administrativa da Igreja – Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai – é caracterizado por quatro peculiaridades: conservadorismo equilibrado, formação e exportação de líderes, visão e engajamento missionário, integração e unidade de ação e propósito. Embora muitas pessoas tenham em mente o conceito de que a Igreja Adventista da América do Sul é conservadora, na verdade ela é muito mais do que isso. É uma região onde a denominação procura orientar-se por uma posição equilibrada frente a decisões mais complexas, bem como pela forma como percebe e interpreta os fatos e suas repercussões e efeitos na sociedade.

Os líderes regionais desenvolveram um estilo que atende a todos – não apenas adultos, mas também jovens e idosos. Apesar de arriscar novos formatos, tecnologias e metodologias, a visão bíblica permanece bem fundamentada considerando a comunicação eficaz com os membros e a sociedade.

A influência da globalização de métodos e processos, a facilidade de viajar para outros continentes, a velocidade da informação e o aprendizado de novos idiomas impulsionaram não só a sociedade local, mas também a Igreja na América do Sul. Como resultado, muitos membros e obreiros buscaram o autoaperfeiçoamento e novos conhecimentos em outros países e, dessa forma, expandiram suas visões de mundo, preparando uma geração de líderes dispostos a enfrentar desafios locais e internacionais.

A busca de outras Divisões por líderes sul-americanos deixou de ser novidade, em razão de suas atitudes equilibradas, dinamismo e compromisso com metas imediatas e permanentes. Dotada de instituições modernas e, em certa medida, renomadas nas regiões em que se encontram, a Igreja tem um foco muito claro em sua visão missionária. Tais variações nos diversos panoramas chamam a atenção de lideranças externas que desejam acompanhar e saber o que está sendo construído na América do Sul. Todo esse conjunto de ideias e iniciativas contribui para a missão e impacta positivamente a Igreja mundial.

Ao longo dos cem anos de existência da Divisão Sul-Americana, as igrejas de cada país formaram instituições que se posicionaram positivamente em cenários visíveis perante a sociedade. Na segunda década do século 20, a sede do continente estava localizada em Buenos Aires, cuja nação era considerada um modelo de educação e o celeiro mundial. Em cada cidade do interior argentino havia pelo menos uma biblioteca. Em 1938, uma indústria de alimentos da Igreja Adventista, a Granix, surgiu de uma pequena fábrica de alimentos que foi organizada em 1936 no antigo Colégio Adventista do Prata, atual Universidade Adventista do Prata (UAP). Ela é a instituição mais importante do ramo de alimentos no território argentino. Em 2014, o Ministério da Saúde argentino declarou a UAP como a “primeira universidade saudável da República Argentina”. A partir de então, a Igreja assumiu o papel de protagonista na área da saúde, incluindo o envio de médicos missionários e enfermeiras para diversos continentes.

Pouco mais de um século após a criação da sede sul-americana, mais uma nação surgiu no cenário econômico latino-americano. O Chile tornou-se referência para outros países da região. Ao investir em educação, a Igreja também soube tirar proveito do forte crescimento do país. A exemplo do que aconteceu na Argentina, a Universidade Adventista do Chile (Unach) ganhou espaço ao alcançar o segundo lugar nacional em qualidade de ensino entre as universidades com cursos de formação de professores, prêmio cujo reconhecimento foi indicado pelo El Mercurio, o mais importante jornal chileno.

No Brasil, principalmente nas décadas de 1960 e 1980, os pontos altos do evangelismo foram as lanchas médico-missionárias que cruzaram os cantos mais isolados e pobres do país, tais como as regiões ribeirinhas da Amazônia Legal, Nordeste, Centro-Oeste e porções do litoral dos estados do Paraná, no Sul, e São Paulo, no Sudeste. Além disso, esses serviços de saúde receberam apoio do Grupo Hospitalar Adventista do Brasil, clínicas, unidades ambulatoriais e odontológicas móveis. Esse trabalho possibilitou ao projeto solicitar autorização para abrir o curso de Enfermagem em 1969 na cidade de São Paulo. Hoje, cursos nas áreas biológica e de saúde estão concentrados em três estados: Bahia, Paraná e São Paulo, regiões que receberam forte influência dos primeiros serviços missionários oferecidos pela Igreja.

Desde os dias dos missionários Ana e Fernando Stahl, as igrejas peruana e boliviana têm sido reconhecidas pelo evangelismo, apoiado por iniciativas nas áreas de educação e saúde. Cada país tem uma universidade, mas a que se destaca é a Universidade Peruana União (UPeU), que possui três campi e um curso de medicina localizado na capital. No Equador, Paraguai e Uruguai, o progresso foi mais lento. Mais tarde, Equador e Paraguai também estabeleceram instituições de ensino superior – Instituto Tecnológico Superior Adventista do Equador (Itsae) e Universidade Adventista do Paraguai (Unapy) –, enquanto o Uruguai começou a investir no ensino fundamental.

Líderes

Se houve um líder que preparou o cenário para a organização da sede sul-americana, esse líder foi um norte-americano de ascendência alemã chamado pastor Joseph W. Westphal. O pastor Westphal desembarcou no principal porto argentino na época, em La Plata, em 18 de agosto de 1895. Ele se tornou “o primeiro pastor enviado à América do Sul pela Comissão de Missões Estrangeiras”.3 Em 1901, o Congresso da Associação Geral decidiu reorganizar o território missionário da Igreja. Para isso, foram criadas Uniões-Associações e Uniões-Missões, seguindo o modelo da União Australásia, criada em 1894. Nesse mesmo congresso, foram estabelecidos os departamentos da IASD e suas devidas relações com as Associações, conferindo ordem e agilidade ao trabalho missionário.4

Ao assumir a liderança sul-americana em La Plata, o pastor norte-americano Oliver Montgomery (1916-1922) estabeleceu sua primeira sede no bairro da Flórida, em Buenos Aires. “E foi ali, nas dependências do prédio pertencente ao Círculo Napolitano, localizado na Diagonal 74, que a Divisão Sul-Americana foi organizada, em 1916”,5 local onde funcionou até 1950. A sede foi transferida para a capital uruguaia, Montevidéu, sob a liderança do pastor Reuben Richard Figuhr (1941-1950), em cuja presidência o evangelismo prosperou com a participação do pastor Walter Schubert.

Durante esse período, o programa “La Voz de la Esperanza” foi criado na Argentina em 1942, com o pastor espanhol Braulio Pérez Marcio, bem como “A Voz da Profecia” no Brasil em 1943, com o pastor Roberto Mendes Rabello. Também foram estabelecidos hospitais e clínicas, o primeiro deles em Belém, Estado do Pará, Norte do Brasil. Montgomery organizou a administração e as finanças, além de atender às necessidades locais ao preparar as futuras lideranças nativas por meio do estabelecimento de instituições educacionais na Argentina, Brasil, Chile e Peru. Buenos Aires e Rio de Janeiro, as maiores cidades do território da Divisão na época, foram o local das primeiras séries evangelísticas.

A sede sul-americana conquistou estabilidade financeira muito rapidamente durante a gestão de Carlyle Boynton Haynes (1926-1931), pouco mais de uma década após sua criação. Haynes continuou investindo em evangelismo urbano, convidando o pastor Schubert para assumir o papel de orador nessas reuniões. Reforçando o princípio da autossustentabilidade financeira e dos recursos humanos, o presidente remodelou a gestão, estimulando a obra da colportagem e apoiando a marca inicial da obra médica na cidade do Rio de Janeiro.

O conceito da autossutentabilidade foi testado ao máximo durante a gestão de Nels P. Neilsen (1931-1941), que foi nomeado presidente dois anos depois da quebra da bolsa de valores de Nova Iorque (1929) e a consequente onda de crises financeiras, culminando no início da Segunda Guerra Mundial (1939). Neilsen previu a necessidade de uma indústria de alimentos na Argentina e de outra clínica médica, dessa vez em São Paulo, o embrião de um futuro hospital. Apesar da crise econômica que o forçou a cortar empregos e salários, bem como adiar projetos, Neilsen não deixou de lado a educação. Depois de selecionar os jovens mais promissores, a Igreja enviou-os para estudar em escolas norte-americanas por quatro anos.

Figuhr (1941-1950) observou o potencial dos membros e os preparou para o evangelismo, incentivando-os pelos novos métodos empregados por Schubert com o apoio das estações de rádio e a obra da colportagem. Com a mudança da sede para a capital uruguaia e o uso mais frequente da língua espanhola nas reuniões administrativas sul-americanas, iniciou-se o período de formação de novas lideranças e preparação dos nativos do continente para assumir responsabilidades cada vez mais globais.

Walter Murray (1950-1958) destacou-se por sua liderança democrática na atribuição de tarefas a outros colegas. Para ele, o consenso era alcançado por meio do diálogo. Prevendo as consequências do mundo pós-guerra, Murray chamou a Igreja para um reavivamento espiritual baseado no evangelismo com pequenos grupos e no aprimoramento do evangelismo leigo. A Escola Sabatina se tornou o centro de apoio, treinamento e encorajamento para levar o Evangelho às grandes cidades. Como resultado, os jovens se envolveram, e suas experiências iniciais levaram à organização do Primeiro Congresso Sul-Americano da Juventude Adventista em 1956, na cidade brasileira de Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro.

A experiência vivida pelo presidente James J. Aitken na reconstrução da Europa pós-guerra deu-lhe, de 1958 a 1966, a oportunidade de colocar em prática muitas ideias germinadas no “Velho Mundo”. Aitken foi o primeiro a trazer o projeto de aviões missionários para a Amazônia, o maior bioma do planeta, com 5,5 milhões de quilômetros quadrados cuja floresta se estende pela Guiana, Venezuela, Colômbia e países atendidos pela Divisão Sul-Americana: Equador, Peru, Bolívia e, principalmente, Brasil, onde ocupa 49,29% do território. O conhecimento adquirido diante das tragédias humanitárias forneceu a Aitken apoio suficiente para lidar com os resultados catastróficos do terremoto seguido pelo tsunami que abalou o Chile em 1960, e as inundações devastadoras na Bolívia, Equador e Peru. Ao fornecer ajuda imediata às vítimas, o trabalho assistencial da Igreja tornou-se evidente, abrindo portas para a disseminação do Evangelho.

Como resultado das ameaças terroristas emergindo no território uruguaio, o pastor Roger Anderson Wilcox (1966-1975) promoveu a realocação da sede. Assim, a partir de 1976 a obra continuou em Brasília, capital do Brasil, o maior país do continente e que ocupa mais da metade do território regional. Até aquele período, as atas das comissões e reuniões administrativas eram redigidas em inglês. Wilcox determinou que as atas também deveriam ser elaboradas em espanhol e português-brasileiro. Formador de novos líderes, Wilcox provou ser um autêntico caça-talentos. Durante sua gestão, a sede mundial escolheu o primeiro sul-americano para compor o corpo de vice-presidentes da Associação Geral – o pastor brasileiro Moisés Nigri.

Ao todo, 13 presidentes geriram, lideraram e impulsionaram o crescimento da Divisão Sul-Americana até o presente: nove norte-americanos e quatro brasileiros. Amado e respeitado por todos, Enoch de Oliveira liderou a Igreja de 1975 a 1980. Ele iniciou o ministério em Curitiba, sua cidade natal, como contador na antiga Associação Paraná-Santa Catarina. Passo a passo, ele ocupou os principais cargos de cada unidade administrativa da Igreja até presidir a Divisão Sul-Americana e chegar à sede mundial como vice-presidente. Quando ainda estava em Brasília, o pastor Enoch incentivou os membros do continente a vivenciar o evangelismo pessoal. Ele também continuou a fortalecer a rede de hospitais adventistas e estabeleceu o Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia.

João Wolff (1980-1995) se destacou por promover o surgimento de universidades em países de língua espanhola, além do evangelismo e da mídia, contatando profissionais adventistas que trabalhavam na mídia jornalística e agências de publicidade. Dentre eles, destaca-se Elon da Silva Garcia, jornalista, publicitário e profissional de relações públicas que congregava na Igreja Central de Curitiba e se tornou o primeiro leigo a fazer parte do comitê administrativo da sede sul-americana. Garcia foi de vital importância para a formação de projetos que se concretizariam nos anos seguintes sob a responsabilidade de outros pastores e profissionais contratados. Isso, mais tarde, resultou na estruturação do Sistema Adventista de Comunicação, o precursor da Rede Novo Tempo de Comunicação. A gestão de Ruy H. Nagel (1995-2006) foi importante para essa conquista, pois consolidou a qualidade e a expansão do ensino superior e da mídia, principalmente o rádio e a televisão, o que mostrou sua preocupação com o cumprimento da missão da igreja.

Na vanguarda da liderança sul-americana desde outubro de 2006, quando substituiu o pastor Nagel, o pastor Erton Carlos Köhler tinha a mesma preocupação missionária de seu antecessor e estabeleceu o lema “unidos somos mais fortes, chegamos mais longe e vamos mais rápido”,6 como expressão da integração e unidade vivida pela Divisão Sul-Americana. As melhorias ocorreram na sede administrativa, congregações, faculdades, universidades, escolas, fábricas de alimentos, casas publicadoras de livros e revistas, emissoras de rádio e televisão, mídia online, escritórios jurídicos, seguradoras, clínicas e hospitais, que trocam experiências, trabalho e colaboração entre si, valorizando a gestão evangelística da sede, em Brasília.

Ao mesmo tempo que a Igreja na América do Sul desenvolvia iniciativas tradicionais, ela passou a apresentar projetos mais ousados, aventurando-se em ações inovadoras pautadas pela responsabilidade que o trabalho missionário exige. Essa mudança pode ser observada na publicação de livros missionários que têm sido entregues pessoalmente, em cada casa, empresa e instituição pública, em substituição aos obsoletos folhetins de jornais. De 2006 a 2020, a Igreja na América do Sul organizou 17 versões do projeto, distribuindo cerca de 200 milhões de livros e mais de 37 milhões de revistas missionárias. A Casa Publicadora Brasileira e a Asociación Casa Editora Sudamericana produziram estes e outros materiais de apoio evangelístico que foram entregues pelos membros da Igreja durante sucessivas campanhas missionárias. Esse impacto também pode ser visto na programação da Rede Novo Tempo de Comunicação pelo conteúdo transmitido em suas estações de rádio e televisão. Outra iniciativa inédita surgiu com o Instituto Adventista de Tecnologia (Iatec), um centro de tecnologia que visa fornecer consultoria, suporte técnico, infraestrutura, desenvolvimento e manutenção de sistemas exclusivamente para todos os setores da Igreja Adventista, tanto para a região sul-americana quanto para outras sedes administrativas da Igreja em todo o mundo.

Com o objetivo de integrar a realidade multicultural da Igreja no território e potencializar as atividades ministeriais e evangelísticas nesse contexto, a Divisão Sul-Americana coordena o projeto de intercâmbio pastoral entre as sedes regionais (Uniões). O objetivo dessa iniciativa é influenciar e preparar novos líderes, abrir oportunidades e incentivar as congregações para a missão ao mesmo tempo que integra, capacita e orienta os membros a crescerem em unidade entre a diversidade. Essa integração e expansão envolve o aumento da tiragem e circulação dos produtos das editoras brasileiras e argentinas, bem como a modernização das plataformas de mídia digital e dos métodos de abordagem e técnicas para estudos bíblicos e batismos, além da construção de templos, escolas e instituições superiores, apesar dos problemas econômicos enfrentados por todos os países da região ao longo das décadas.

Educação, Publicação e Comunicação

Na história da DSA, destaca-se o papel desempenhado pelas frentes de educação, publicação e comunicação no direcionamento dos propósitos evangelísticos ou no fornecimento de apoio pessoal, ideias, estratégias, logística e recursos relativos ao seu sucesso. Logo no início, os adventistas do sétimo dia iniciaram a busca por uma educação integral e de qualidade com o propósito de oferecer aos seus filhos uma formação acadêmica de acordo com os princípios cristãos. Em 3 de junho de 1872, a Educação Adventista teve início com a inauguração da Escola de Battle Creek no Estado de Michigan, construído para atender crianças na faixa da educação primária.7

Na América do Sul, o processo ocorreu simultaneamente aos primeiros projetos missionários na região. “Como na maioria dos campos onde missionários atuaram, os membros da América do Sul usaram as escolas como meio de alcançar o público.” Depois que o casal Craig se estabeleceu em Buenos Aires em 1893, eles fundaram em sua própria casa uma escola que, posteriormente, passou a funcionar na residência do pastor Frank Westphal, também missionário.8

No incansável dinamismo da missão realizada pelos pioneiros adventistas no continente, em 1896, a família Westphal teve que fechar a escola em Buenos Aires para continuar a missão em outros lugares. Mas em vez de o sonho ter sido comprometido, isso foi apenas o começo. A semente da educação adventista já havia sido plantada no coração daqueles obreiros, e eles não estavam dispostos a dar um passo para trás.

Com esse enfoque, foi fundada no mesmo ano (1896) a Escola Adventista de Curitiba, no Estado do Paraná, que oferecia ensino fundamental. Guilherme Stein e sua esposa Maria eram os responsáveis por ministrar as aulas. “As aulas do final do século 19, por determinação dos órgãos públicos, eram ministradas de segunda a sábado, ou seja, seis vezes por semana. Consequentemente, não seria compatível com o modelo adventista.”9 Para resolver esse problema, o casal Stein dedicava o sábado inteiramente às aulas de religião, e os alunos convidaram seus pais para participar com eles. A programação de sábado era na verdade um culto de adoração. Depois de 14 meses trabalhando na escola em Curitiba, os Stein partiram para uma nova missão em Gaspar Alto, na cidade de Brusque, Santa Catarina, onde inauguraram uma nova escola.10

Desde a sua gênese, a Igreja na América do Sul adotou o modelo administrativo de escolas protestantes, no qual escolas paroquiais eram organizadas com turmas multisseriadas, muitas delas tendo o alemão como segunda língua. Elas estavam situadas principalmente no sul do Brasil, na região de Entre Rios, Argentina, e no Sul do Chile. Os pioneiros queriam ensinar aos seus filhos os valores bíblicos que acreditavam ser essenciais na formação de cristãos adventistas, a fim de se tornarem servos de Deus e bons cidadãos.

Os anos finais da década de 1920, até a década de 1940, foram marcados por movimentos voltados para a organização da educação. “Naquele período, não existia um sistema organizado de ensino público no Brasil, dando origem a movimentos independentes, em sua maioria formados por denominações religiosas que administravam ensino confessional privado”. Nesse contexto, a educação adventista se concentrou em duas frentes: a primeira estava preocupada com o treinamento de líderes para a denominação; e a segunda com o estabelecimento de escolas paroquiais afiliadas às igrejas, além de comunidades de novos conversos adventistas.11

Após a Segunda Guerra Mundial, a educação primária se expandiu por toda a América do Sul. De acordo com os relatórios de 1950, “a DSA tinha 431 escolas de ensino fundamental com 17.217 alunos. Trinta anos depois, os números mudaram para 581 escolas e 72.281 alunos”. No Brasil, o salto foi ainda maior em comparação aos demais países da Divisão. “O número de escolas primárias brasileiras passou de 165, em 1950, para 372, em 1980.” O número de alunos também cresceu significativamente, aumentando a média de 35 para 146 alunos por escola.12

O sistema adotado mostrou-se ideal. Desde o início, a educação adventista tem seguido os passos iniciais dados por seus pioneiros com quatro séries. Nas escolas com menos recursos, apenas uma sala era suficiente para o funcionamento das quatro séries. Nas décadas de 1950 e 1960, havia mais de uma escola por congregação no Brasil – ou seja, havia mais escolas do que igrejas. Considerando as escolas paroquiais nos Estados Unidos, que visavam manter as crianças no círculo protetor da Igreja, o potencial evangelístico da educação no Brasil também foi percebido. As crianças absorviam o conteúdo das aulas de Educação Religiosa e o compartilhavam em casa com seus pais ou responsáveis. Essa estratégia costumava despertar o interesse da família pela mensagem bíblica, resultando em batismos. O Evangelho era pregado por meio da escola.13

Com a reforma educacional brasileira implementada em 1971, as escolas não deveriam mais ter quatro, mas oito séries. Na época, apesar da presença de internatos adventistas em vários estados brasileiros que também ofereciam o ensino médio, apenas três escolas de externato ofereciam as oito séries do ensino fundamental: Colégio Adventista Dr. Carlos de Carvalho, que funcionava no porão da Igreja Central de Curitiba; Colégio Adventista do Pará, em Belém; e Colégio Adventista de Caxias, em Duque de Caxias, Rio de Janeiro. A partir de então, a Igreja na América do Sul traçou uma estratégia para investir no ensino fundamental, multiplicando a quantidade de escolas com oito séries e solicitando autorização para abrir o curso de Pedagogia no Instituto Adventista de Ensino (IAE), hoje Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp), campus São Paulo, em 1973. A Igreja Adventista do Sétimo Dia foi pioneira na organização do ensino fundamental, visto que isso não acontecia em relação a outras denominações protestantes, cujo objetivo era voltado para o ensino superior e a criação de universidades.

Com o passar do tempo, também ocorreram mudanças significativas na legislação educacional em outros países da América do Sul e, como resultado, as escolas paroquiais tornaram-se estruturalmente arcaicas e obsoletas, e seus professores não seriam mais pagos pelo governo para trabalhar com turmas pequenas. Descobriu-se então a impossibilidade desses modelos escolares devido ao alto custo. A Igreja também detectou o problema e, em seguida, a educação foi adaptada na Argentina e no Chile, assim como outras instituições de ensino já haviam feito. No contexto adventista, a educação prosperou em ambos os países, transformando-os em potências educacionais. A variedade de cursos atendeu à necessidade de oferecer múltiplas possibilidades de carreira para jovens adventistas.14

Assim, o ensino fundamental começou a se fortalecer e o ensino médio foi consolidado, a fim de incentivar os alunos a ingressarem em instituições adventistas de nível superior. Um objetivo se destacou: preparar novos líderes nas mais diversas áreas do conhecimento, seja para servir à organização adventista e melhorar a qualidade de suas milhares de congregações e milhões de membros, seja para servir à sociedade e evangelizar não-adventistas por meio de centenas de instituições educacionais.

A sede mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia recomendou que cada escritório continental (Divisão) apoiasse a autorização para abrir um curso de medicina. A Divisão Sul-Americana tem o privilégio de oferecer dois cursos, assim como a Divisão Norte-Americana. Isso se deveu à demanda, à qualidade da educação na região e até mesmo à vontade de autoridades públicas, que reconheceram o potencial adventista nas áreas de saúde e educação. Assim, a medicina está presente na UAP e na UPeU por meio de hospitais-escola, atendendo inclusive às classes menos favorecidas e preparando médicos para serem agentes missionários.

No entanto, o que começou pequeno nas casas de voluntários ou vinculado às igrejas adventistas cresceu e se tornou a grande rede educacional de hoje. Por essa razão, olhar para o passado e para os diferentes aspectos da educação adventista nos ajuda a entender que não se trata de uma simples rede educacional. Atualmente, a Igreja Adventista do Sétimo Dia na América do Sul tem mais de 965 instituições educacionais com aproximadamente 230 mil alunos distribuídos no ensino fundamental, médio e superior, com cerca de 140 mil alunos no Brasil e 90 mil na Argentina, Bolívia, Chile, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai. Cerca de 15 mil professores, um batalhão, são responsáveis pela formação desses indivíduos que muitas vezes são atraídos pela bandeira da educação integral, que enfoca a pessoa como um todo – físico, mental e espiritual.15

Outro pilar associado à educação são as publicações. Esta é uma parte notável da história da DSA – o fato de que a mensagem adventista alcançou a Argentina, Brasil e Uruguai por meio de publicações distribuídas pelo colportor Augustus Stauffer, em 1892 e 1893, nas colônias de imigrantes alemães e suíços. Reconhecendo a importância dessa área, as editoras adventistas da América do Sul têm desempenhado um papel importante em meio ao amplo espectro de ações missionárias realizadas no território da DSA, liderando e apoiando iniciativas relevantes. Uma delas é a colportagem, projeto vinculado a editoras que dão condições para que os alunos trabalhem, principalmente nos períodos de férias, dentro da comunidade, vendendo literatura em forma de livros e revistas. Essa integração, compartilhada e supervisionada por pastores especialistas na área, proporciona aos alunos os recursos necessários para a continuidade dos estudos.

Juntamente com a educação e publicações, a comunicação é uma área em rápida expansão na DSA. Isso é resultado da perspectiva visionária de gestores e evangelistas em relação às oportunidades missionárias de seu tempo. Inclinado a novas ideias, o pastor Wolff facilmente captou essas informações e as encaminhou para aqueles que entendiam do assunto, a fim de transformá-las em uma ferramenta útil para o evangelismo da Igreja. A partir dos resultados de pesquisas realizadas com a opinião pública, entendeu-se que a Igreja Adventista do Sétimo Dia não era tão conhecida como se acreditava inicialmente. A partir da década de 1980, a Divisão Sul-Americana começou a pensar na comunicação como uma forma de coletar informações e, por meio da interpretação desses dados, construir e moldar estratégias para o avanço do trabalho eclesiástico, concentrando-se em lugares onde ainda não havia presença adventista. O próprio plano de Missão Global da Igreja, que se consolidou a partir da primeira metade da década de 1990, resultou de projetos desenvolvidos em território sul-americano, como o Folhetão – duas décadas antes – o primeiro laboratório de experiências de evangelismo em massa.

A igreja no Brasil sistematizou e ampliou a comunicação com melhor qualidade. No entanto, essa ferramenta começou a ser usada no Chile pelo jornalista suíço Eduardo Thomann. Ordenado ao ministério, o pastor Eduardo estabeleceu uma gráfica em Valparaíso, em 1900, e lançou os primeiros produtos impressos para divulgar a missão evangelística. Então, nasceu a Revista Adventista em espanhol. Seu irmão, Victor Thomann, orientou o crescimento educacional.

Um missionário voluntário, Guilherme Stein Jr. – o primeiro adventista batizado no Brasil – investiu em educação e comunicação. Em 1896, Stein Jr. inaugurou a primeira escola adventista na cidade de Curitiba, Estado do Paraná, no Sul do Brasil. Em 1900, no Rio de Janeiro, ele lançou o periódico Arauto da Verdade, precursor da Revista Adventista brasileira. Tais ações, somadas a tantas outras de importância histórica, prepararam o cenário para o estabelecimento de uma sede continental. A base foi solidificada com suporte nas áreas educacional, comunicacional e de publicações.

A comunicação tem maior peso na esfera brasileira, onde as condições impulsionaram projetos em que outros países começam a sentir os efeitos. O pastor Schubert concebeu um novo formato de evangelismo. Anteriormente, as reuniões evangelísticas costumavam atacar outras religiões e assumiam uma postura muito agressiva, o que fazia com que poucas pessoas fossem atraídas pelo adventismo. Em primeiro lugar, Schubert abordava questões de saúde e chamava a atenção para os problemas familiares, deixando as doutrinas bíblicas para as últimas palestras. Assim, os auditórios ficavam lotados e os batismos aconteciam naturalmente. Quando o pastor Roberto Rodrigues de Azevedo percebeu os resultados positivos das estratégias de Schubert, ele criou e disseminou um novo perfil adventista.

Nesse contexto, a história da comunicação no contexto sul-americano pode ser dividida em duas fases: antes e depois da morte de Azevedo em 1980. A técnica empregada por Azevedo, a fim de abrir espaço para a divulgação da Igreja na mídia, utilizava informações de interesse público. Ele pegaria sua filmadora e câmera e viajaria pelo interior do continente, gravando imagens que poderiam ser apresentadas aos membros e publicadas em jornais, revistas e emissoras de televisão seculares. Havia pessoas que consideravam essas ações uma perda de tempo e recursos. No entanto, a liderança da sede sul-americana entendeu que a iniciativa estava gerando resultados positivos, embora em alguns aspectos isso ocorresse de forma muito lenta.

Depois de fotografar e filmar, Azevedo redigia os textos ou os confiava a outro companheiro, o pastor Arthur Valle. Em seguida, entregava aos jornais as redações finalizadas, mostrando a pobreza, a necessidade de desenvolvimento, o trabalho das lanchas médico-missionárias, as culturas nativas e outras histórias de interesse público. Em São Paulo, ele costumava redigir os textos e o pastor Kiyotaka Shirai cuidava dos aspectos técnicos, incluindo a gravação das imagens. Oportunidades surgiram com autoridades políticas e Azevedo levou representantes indígenas a governadores e prefeitos, apresentando-lhes seus costumes, rituais, alimentação e artesanato. Em seguida, feiras foram organizadas para que o público também tivesse acesso à cultura dos nativos do continente.

Paralelo ao trabalho de Azevedo, iniciado em 22 de dezembro de 1942, quando teve uma matéria publicada no jornal Rio Grande – na cidade de mesmo nome no estado do Rio Grande do Sul –, nasceu um ministério divulgado por meio de ondas de rádio com o programa “A Voz da Profecia”, apresentado pelo pastor Roberto Rabello. A novidade da “caixa de perguntas” levou milhares ao batismo. Nas regiões rurais mais remotas do país ou entre aquelas com poucos recursos, as famílias reuniam amigos e vizinhos para escutar o programa narrado por Rabello no início da noite, enriquecido com apresentações musicais de cantores norte-americanos. Apenas 19 anos depois, em 1962, surgiu o quarteto Arautos do Rei. O empenho dos líderes em inovar por meio da comunicação recebeu insistentes reações e críticas. Alguns afirmaram ser um absurdo transmitir o programa religioso por meio de estações que também transmitiam novelas de rádio. Décadas depois, críticas ácidas também foram dirigidas ao uso de emissoras de televisão, consideradas caras e "escolas de imoralidade".

Apesar dessa resistência, Azevedo e a pequena equipe de apoiadores puderam publicar em jornais seculares notícias contendo textos e fotos de batismos, ordenações de pastores e semanas de oração. No entanto, algumas congregações o proibiram de filmar ou mesmo fotografar as cerimônias da agenda pastoral. A atmosfera era de descrença no poder e na eficácia da comunicação. Houve resistência por parte das pessoas que não consideraram as ações da mídia adequadas a ponto de impedir a propaganda de internatos durante os cultos Jovem (Missionários Voluntários), nas tardes de sábado. A restrição às novidades do universo da comunicação levou décadas para ser superada, até que se percebeu a importância de expandir a comunicação de forma adequada em cada setor.

Quando o pastor e jornalista Arthur de Souza Valle substituiu Azevedo no Departamento de Comunicação da sede sul-americana, ele investiu na formação de pastores que atuavam nesse setor em outros escritórios nacionais e regionais. No entanto, a gestão e os projetos foram interrompidos devido a um acidente de carro que tirou a vida de Arthur Valle. Em seguida, outro pastor com formação em Comunicação (Publicidade e Propaganda, Relações Públicas e Jornalismo) assumiu o departamento. Doutor pela Universidade Andrews, o pastor Assad Bechara16 realizou campanhas publicitárias na televisão e em outdoors, com os quais estabeleceu cerca de 900 pontos no continente. A partir daquele momento, a comunicação passou a ser percebida como uma atividade poderosa que envolve os jovens, as famílias, a evangelização e a imagem institucional. Assim, nasceram campanhas institucionais abordando temas como o Dia das Mães, o Dia dos Mortos, a Recolta, uma série de encontros do pastor Alejandro Bullón, os cursos oferecidos por “A Voz da Profecia” e “La Voz de la Esperanza”, e doações de sangue para hospitais e hemocentros. Nesse ponto, o corpo administrativo da Divisão notou o valor da comunicação como uma forma pela qual a face da Igreja se tornou mais evidente.

A partir de 1995, o Departamento de Comunicação da DSA, liderado pelo pastor e jornalista Siloé de Almeida,17 produziu reportagens para a imprensa secular, planejou estratégias de mídia, idealizou a criação da Agência Adventista Sul-Americana de Notícias (ASN), sistematizou os formatos das estações de rádio e visitou a imprensa e autoridades públicas. A ASN fornecia informações para a Igreja e para a própria mídia secular, tornando-se respeitada como uma fonte confiável de notícias e servindo como um modelo para a implementação da Rede Adventista de Notícias (em inglês, Adventist News Network – ANN) na sede mundial da Igreja, nos Estados Unidos. Os contatos com editoras, escritórios de advocacia e administrações públicas visavam não apenas a atos de cortesia, mas também a oportunidade de divulgar eventos da Igreja em todos os países da região, homenagear personalidades e orar por essas pessoas. Em uma dessas ocasiões, a Igreja garantiu o apoio público das autoridades brasileiras ao colaborar na elaboração de um projeto de lei determinando que o dia das eleições ocorresse apenas aos domingos. No âmbito dessas iniciativas, houve também incentivo e cooperação para a abertura de cursos na área de comunicação da UAP, Unasp e UPeU. Os resultados transformaram a Igreja nas duas primeiras décadas do século 21, inserindo-a no mundo digital e nas ondas do rádio e da televisão com um novo planejamento gráfico dos materiais impressos, encurtando distâncias pela Internet e projetando o novo cenário desafiador para a Igreja na América do Sul.

O adventismo sul-americano, que se originou e se expandiu por meio de iniciativas nas áreas da educação, publicações e comunicação, é atualmente marcado por um amplo e complexo conjunto de ações missionárias. Em um balanço recente, a liderança da DSA relatou as bênçãos reconhecidas como uma concessão Divina à Igreja nessa região do mundo. Em 2019, "mais de 800 novos templos [foram estabelecidos], um número que se repetiu nos últimos anos e representa 1/3 de todas as novas igrejas adventistas plantadas em todo o mundo". Até novembro, houve um aumento de 9,48% na quantidade de batismos em relação a 2018 – ou seja, 226.674 pessoas foram alcançadas. Na primavera (setembro), houve o maior batismo da história adventista na DSA, quando 47.705 pessoas entregaram suas vidas a Jesus. Conforme declarado, “elas não são apenas números, são pessoas que foram alcançadas, ensinadas, transformadas e batizadas. Elas também representam uma multidão de membros envolvidos na missão". Nesse contexto, o crescimento líquido real aumentou de 1,06% para 3,16% (encerrado até o terceiro trimestre), “o que indica uma forte diminuição na perda de membros comparado a 2018. Essa é uma informação muito positiva, embora ainda tenhamos grandes desafios nessa área”.18

Esse resultado decorre da assistência divina e de muito trabalho missionário. A evangelização da Semana Santa realizada em 2019 envolveu 94.309 pontos de pregação e alcançou 472.160 visitantes que compareceram às reuniões, resultando em 49.418 batismos. Isso representou um crescimento de 56% em comparação com 2018. Durante o ano, por meio do projeto Impacto Esperança, foram distribuídos mais de 22 milhões de livros missionários, que se somam aos já entregues na última década. Essas obras são como “sementes” espalhadas por todo o continente, e muitas delas já resultaram em conversões e continuarão a levar ainda mais pessoas ao conhecimento do Evangelho de Jesus. Ainda no âmbito evangelístico, em 2019, cerca de 1.100 jovens voluntários se mobilizaram e participaram do projeto Um Ano em Missão. Quase 200 mil se envolveram no projeto Missão Calebe “com jovens dedicando suas férias para fazer evangelismo, desenvolver projetos missionários, plantar novas igrejas e servir a comunidade”.19

No território da DSA, três países já têm um clube de Desbravadores em funcionamento para cada igreja organizada: Brasil, Equador e Paraguai. Existem 333.650 Desbravadores em 12.173 clubes e 168.468 Aventureiros em 7.662 clubes espalhados pelo território. Atendendo a todas as frentes missionárias, a TV Novo Tempo inaugurou a Escola Bíblica Digital, uma ferramenta inovadora que abriu possibilidades para os interessados em estudar a Bíblia de forma dinâmica e na velocidade da internet. "Os números são impressionantes, com 8.500 aulas de estudo da Bíblia enviadas por dia e um total de 13 mil cursos completos por mês". Entende-se também que os recursos financeiros se multiplicaram graças à presença Divina nas decisões e ações, já que “os dízimos no Brasil, país com maior participação financeira na Divisão Sul-Americana, cresceram 1,5%, apesar dos desafios econômicos enfrentados durante o ano”.20

Nos últimos 15 anos, a administração do pastor Köhler moldou o perfil da Igreja na América do Sul, enfatizando principalmente a necessidade de o evangelismo se ajustar às diferentes possibilidades, valorizar os jovens e incentivar o serviço espontâneo e o compromisso missionário e social. Diante desses aspectos, o evangelismo mudou e se se tornou integrado, com ênfase na “comunhão, relacionamento e missão”. Isso porque não há como alcançar pessoas sem manter uma conexão com Jesus Cristo, a fim de se aproximar do Outro e cumprir a incumbência escrita em Mateus 28. Considerando a evolução das novas tecnologias de comunicação e as consequências desse impacto sobretudo através das redes sociais, a Igreja também está atenta às novas gerações, principalmente a geração Y ou millenials. Esse conjunto de ações foi complementado com o incentivo ao voluntariado nos países do território sul-americano e em outras localidades do planeta. O fato é que se pode encontrar adventistas sul-americanos prestando serviços voluntários e testemunhando do Evangelho em muitas divisões.  

As bênçãos recebidas são o resultado de milagres divinos em meio aos desafios enfrentados. A América do Sul é um caldeirão de povos, línguas, conflitos, alegrias, belezas naturais e pessoas que lutam pela vida em busca de um futuro promissor e melhor, que precisam de Jesus Cristo. Ao longo de mais de um século, a Divisão Sul-Americana percebeu as diferenças, mostrou sensibilidade às necessidades e procurou aproveitar as possibilidades, buscando planejar o caminho que os adventistas do sétimo dia deveriam trilhar. Para eles, “esperança” não pode ser um simples termo. Seu significado não deve ser menosprezado ou distorcido. Ele envolve perseverança na lealdade aos princípios bíblicos e crença no real significado da missão confiada a todos os membros. Nesse sentido, a América do Sul continua sendo o continente da esperança, um lugar onde o povo do advento, grato a Deus por ter sido alcançado pelo Evangelho Eterno, marcha decididamente para testemunhar dessa “esperança” até os confins da Terra.

Cronologia de Líderes Administrativos21

Presidentes: Oliver Montgomery (1916-1922); Charles Thompson (1922-1923); Peter E. Brodersen (1924-1926); Carlyle Boynton Haynes (1926-1931); Nels P. Neilsen (1931-1941); Reuben Richard Figuhr (1941-1950); Walter E. Murray (1950-1958); James J. Aitken (1958-1966); Roger Anderson Wilcox (1966-1975); Enoch de Oliveira (1975-1980); João Wolff (1980-1995); Ruy H. Nagel (1995-2006); Erton Carlos Köhler (2006-atual).

Secretários: W. H. Williams (1916-1928); C. L. Bauer (1928-1934); Roger Altman (1935-1938); H. O. Olson (1938-1946); O. A. Blake (1946-1950); L. H. Olson (1952-1962); Moisés Nigri (1962-1970); Enoch de Oliveira (1970-1975); Elbio Pereyra (1976-1978); Daniel Nestares (1978-1985); Mario Veloso Osses (1985-1990); Edwin Mayer (1990-1995); Roberto Gullón Canedo (1995-2000); Raúl Gómez Méjico (2000-2006); Melchior Ferreyra Castillo (2006-2007); Bolívar Alaña Poseck (2007-2009); Magdiel Pérez Schulz (2010-2015); Edward Heidinger Zevallos (2015-atual).

Tesoureiros: W. H. Williams (1916-1928); C. L. Bauer (1928-1934); Roger Altman (1935-1938); F. L. Harrison (1938-1946); O. A. Blake (1946-1955); K. H. Emmerson (1955-1959); F. E. Osborn (1959-1962); J. I. Hartman (1962-1969); L. D. Wood (1970-1974); Clarence M. Laue (1975-1977); Roy E. Brooks (1978-1980); R. H. Nagel (1980-1995); Alipio B. da Rosa (1995-2000); Marino F. de Oliveira (2000-2010); Marlon de Souza Lopes (2010-atual).22

Referências

Canedo, Roberto Gullón. Uma semente de esperança: história da estrutura denominacional. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2015.

Köhler, Erton Carlos. “A Última Página: Um balanço dos desafios e vitórias da Igreja Adventista na América do Sul no ano de 2019.” Notícias Adventistas. Online, 27 de dezembro, 2019.

Menslin, Douglas. Educação Adventista 120 anos: das escolas paroquiais a uma rede de ensino. Permanências e rupturas de um ideário educacional.  São Paulo, SP: DVK Editora, 2015.

Portal da Igreja Adventista do Sétimo Dia (Brasil). http://www.adventistas.org/pt/.

Santana, Matusalém Ferreira. “Divisão Sul Americana”. Monografia, Instituto Adventista de Ensino, 1986.

Seventh-day Adventist Yearbook [Anuário da Igreja Adventista do Sétimo Dia]. Washington, D.C.: Review and Herald Publishing Association. Vários anos. https://www.adventistyearbook.org/.

Notas de fim

  1. Dados fornecidos pela secretaria da DSA ao autor, 9 de julho, 2018.
  2. Enoch de Oliveira (ex-vice-presidente da CG), entrevista concedida ao autor, publicada em “O Novo Comunicador” em julho de 1991.
  3. Roberto Gullón Canedo, Uma semente de esperança: história da estrutura denominacional, Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2015, 133.
  4. Matusalém Ferreira Santana, “Divisão Sul-Americana,” Monografia, Instituto Adventista de Ensino, 1986, 15.
  5. Roberto Gullón Canedo, Uma semente de esperança: história da estrutura denominacional, Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2015, 133.
  6. Erton Carlos Köhler (presidente da DSA), entrevistado pelo autor por WhatsApp, 24 de novembro de 2017.
  7. Douglas Menslin, Educação Adventista 120 anos: das escolas paroquiais a uma rede de ensino. Permanências e rupturas de um ideário educacional, (São Paulo, SP: DVK Editora, 2015), 24.
  8. Roberto Gullón Canedo, Uma semente de esperança: história da estrutura denominacional, Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2015, 56.
  9. Menslin, Educação Adventista 120 anos: das escolas paroquiais a uma rede de ensino. Permanências e rupturas de um ideário educacional,
  10. Canedo, Roberto Gullón. Uma semente de esperança: história da estrutura -denominacional, 57.
  11. Menslin, Educação Adventista 120 anos: das escolas paroquiais a uma rede de ensino. Permanências e rupturas de um ideário educacional,
  12. Canedo, Roberto Gullón. Uma semente de esperança: história da estrutura -denominacional, 559.
  13. Roberto César de Azevedo (Ex-líder do Departamento de Educação da DSA), entrevistado pelo autor, 18 de janeiro de 2018.
  14. Nevil Gorski (Ex-líder do Departamento de Educação da DSA), entrevistado pelo autor, 2 de maio de 2018.
  15. Portal da Igreja Adventista do Sétimo Dia, “História da Educação Adventista,” acessado em 20 de janeiro de 2020, https://bit.ly/3e6Dn7d.
  16. Assad Bechara (pastor jubilado), mensagem de e-mail para o autor, 29 de maio de 2018.
  17. Siloé de Almeida (Ex-líder do Departamento de Comunicação da DSA), entrevistado pelo autor, 11 de junho de 2018.
  18. Erton Carlos Köhler, “A Última Página: Um balanço dos desafios e vitórias da Igreja Adventista na América do Sul no ano de 2019,” Notícias Adventistas, 27 de dezembro, 2019, acessado em 2 de março de 2020, https://bit.ly/2VPqCaA.
  19. Ibid.
  20. Ibid.
  21. “South American Division Conference” [Divisão Sul-Americana], Seventh-day Adventist Yearbook (Washington, D.C.: Review and Herald Publishing Association, 1916), 150; “South American Division Conference” [Divisão Sul-Americana], Seventh-day Adventist Yearbook (Nampa, ID.: Pacific Press Publishing Association, 2018), 223. Para mais detalhes de todos os líderes administrativos da Divisão Sul-Americana, consulte os Anuários da IASD (Yearbooks) de 1916 a 2018.
  22. Mais informações sobre a Divisão Sul-Americana podem ser encontradas no seguinte site: https://adventistas.org/.
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Holdorf, Ruben Dargã. "South American Division." Encyclopedia of Seventh-day Adventists. November 22, 2021. Accessed September 19, 2024. https://encyclopedia.adventist.org/article?id=1IFC.

Holdorf, Ruben Dargã. "South American Division." Encyclopedia of Seventh-day Adventists. November 22, 2021. Date of access September 19, 2024, https://encyclopedia.adventist.org/article?id=1IFC.

Holdorf, Ruben Dargã (2021, November 22). South American Division. Encyclopedia of Seventh-day Adventists. Retrieved September 19, 2024, https://encyclopedia.adventist.org/article?id=1IFC.