Escola Técnica Adventista do Massauari
By Selma Carvalho Fonseca, Thaís Gonçalves da Silva, and Yanka de Araújo Pessoa
Selma Carvalho Fonseca
Thaís Gonçalves da Silva
Yanka de Araújo Pessoa
First Published: December 2, 2021
A Escola Técnica Adventista De Massauari (ETAM) é uma unidade educacional em regime de internato e externato que oferece o ensino fundamental. Pertence à Igreja Adventista do Sétimo Dia e faz parte da rede mundial adventista de educação. A escola atua no território da União Noroeste Brasileira (UNoB) e está localizada na comunidade de Nova Jerusalém, às margens do rio Massauari, na região rural da cidade de Barreirinha, no estado do Amazonas, Brasil. Coordenadas de latitude: -3.084639 e longitude: -57.289583.
A ETAM tem 61 alunos e 13 funcionários, incluindo um gerente, seis professores, um gestor de refeitório, dois assistentes de serviços gerais e três barqueiras. O campus é composto de cinco casas para voluntários, seis salas de aula, duas salas multifuncionais, dormitórios masculino e feminino com capacidade para 80 alunos, refeitório, biblioteca e uma capela. A unidade educacional atende crianças das comunidades ribeirinhas de Nova Jerusalém e São Bento, na região de Barreirinha.1
Desenvolvimentos que Levaram à Criação da Escola
A mensagem adventista alcançou os estados do Amazonas e Pará, onde existem muitas comunidades ribeirinhas, por meio da obra médico-missionária. Em 1927, John Brown e sua família foram chamados para trabalhar em Belém, capital do Pará, ao lado dos colportores Hans Mayr e André Gedrath. Nesse mesmo ano, a Missão Baixo Amazonas (hoje Associação Norte do Pará ou ANPa) foi fundada, abrangendo os atuais estados do Ceará, Maranhão, Piauí, Acre, Amapá e Rondônia. No mesmo ano (1927), Brown fez uma viagem de “reconhecimento” à cidade de Manaus, capital do Amazonas. No barco, ele conheceu um judeu chamado Salomão Levy e entregou-lhe um folheto missionário, prometendo que iria procurá-lo para que pudessem conversar. Levy passou o folheto para um amigo, o fazendeiro José Batista Michiles, que morava na cidade de Maués.2
No ano seguinte (1928), Brown voltou ao Amazonas e, em sua passagem por Maués, encontrou Salomão Levy e José Batista Michiles, que já tinha ouvido a mensagem adventista e foi um dos primeiros adventistas no estado, junto com seu pai e um grupo de vizinhos. Na fazenda de Michiles, chamada Centenário, foi estabelecido um grupo de adventistas, bem como a primeira escola adventista no estado do Amazonas. Inicialmente, a escola foi administrada pelo missionário João Gnutzmann.3 Posteriormente, o grupo da fazenda Centenário se tornou a primeira Igreja Adventista no estado do Amazonas.4
Ainda em 1928, os Browns foram chamados para trabalhar no escritório da Divisão Sul-Americana (DSA), e Leo B. Halliwell tornou-se o missionário responsável pelo trabalho na região. Ele e Jessie Halliwell, sua esposa, ficaram profundamente comovidos com a situação precária daquela região e dedicaram muitos anos de suas vidas para ajudar as comunidades. Assim, em 1931, foi inaugurado o projeto da lancha missionária Luzeiro,5 responsável pelo atendimento médico às vilas e cidades às margens do rio Amazonas, entre Manaus e Belém.6 Com o trabalho realizado por meio do Luzeiro, cidades e vilas ao longo das margens do grande rio começaram a ser alcançadas pela mensagem adventista. Foi o caso de Barreirinha, localizada às margens do rio Andirá, que em 1934 já contava com um grupo de adventistas.7
Em 1936, uma escola adventista foi estabelecida na vila de Ponta Alegre, na mesma região do rio Andirá e próximo a Barreirinha. Ela foi inicialmente dirigida por Honorino Tavares e considerada uma das primeiras escolas adventistas do Amazonas.8 Em 1938, um professor da Escola Primária de Barreirinha, chamado Armando Kettle, foi batizado por Leo Halliwell. Logo após seu batismo, Kettle mudou-se da região de Massauari para a cidade de Urucurituba, onde lecionou até se aposentar. Kettle foi um importante pioneiro da educação adventista no estado do Amazonas. Ele faleceu em março de 2008 em Urucurituba, com 103 anos de idade.9
Em 1939, com a expansão da mensagem adventista no estado do Amazonas, a União Norte Brasileira (fundada em 1936) solicitou à Divisão Sul-Americana a reorganização de um campo administrativo em benefício daquela região. O pedido foi atendido pela DSA no ano seguinte (1940), com a criação da Missão Central Amazonas (MCA, hoje Associação Central Amazonas ou ACeAm), sediada na Praça Oswaldo Cruz, nº 139, em Manaus.10 Mesmo após a expansão da missão, a lancha Luzeiro continuou seu ministério. Os Halliwells percorriam uma distância de 30 mil quilômetros anualmente, ida e volta de Manaus a Belém. Em 1940, o casal já havia percorrido cerca de 200 mil quilômetros.11
Com o crescimento do adventismo na região, em 1964 a MCA adquiriu um terreno para a construção de uma escola, a 70 quilômetros de Manaus. Convenientemente localizada ao lado da atual Rodovia Estadual AM-010, na região rural da cidade de Rio Preto da Eva, a Escola Adventista Agrícola do Amazonas (hoje Instituto Adventista Agroindustrial ou IAAI) foi inaugurada em 1968. O IAAI foi o primeiro internato construído na região norte do Brasil e é o único do estado do Amazonas, oferecendo educação do ensino fundamental ao médio.12
A partir de 1970, a mensagem adventista se expandiu para outras regiões do Amazonas. Um ano depois, um homem chamado Armando Paes foi batizado na cidade de Parintins por Ronald Wearner. Paes começou a evangelizar a região acompanhado de seu amigo Francisco Nobre, que também ouvira a mensagem recentemente. Em pouco tempo, já havia sete pessoas interessadas na mensagem adventista. Sem um local adequado para as reuniões, o grupo mudou-se em 1981 do oeste de Parintins para Nova Jerusalém, onde encontrou uma propriedade densamente arborizada. Anos depois, Paes também estaria encarregado das negociações do terreno para a ETAM com a comunidade de Nova Jerusalém, tarefa pela qual ele sentia grande responsabilidade, tendo em vista o bem-estar de crianças e jovens que receberiam educação integral voltada para a qualidade de vida e a redenção humana.13
Na época, a região amazônica contava com dois internatos: o IAAI, localizado em Rio Preto da Eva, no Amazonas; e o Instituto Adventista da Amazônia Ocidental (IAAMO), inaugurado em abril de 1982 na cidade de Mirante da Serra, Rondônia.14 Até o ano 2000, a Igreja Adventista no Amazonas cresceu substancialmente, e novos campos administrativos foram criados, incluindo a União Noroeste Brasileira, que atualmente cobre todo o território da antiga Missão Central Amazonas.15
Fundação da Escola
Desde o início, a Igreja Adventista do Sétimo Dia no Amazonas tem se caracterizado pelo intenso trabalho missionário. As oportunidades de evangelizar por meio da educação adventista eram promissoras, ainda mais diante da necessidade de construir uma escola de ensino fundamental na zona rural de Barreirinha. A região ribeirinha onde a escola está localizada é distante dos centros urbanos, do acesso à energia elétrica, ao saneamento básico e aos serviços de saúde. Como resultado de tais limitações, a comunicação e a educação escolar oferecidas também eram bastante limitadas. Além disso, as instituições educacionais existentes não tinham infraestrutura adequada para acomodar salas de aula separadas para crianças de 5 a 9 anos. Embora estivessem em séries diferentes, essas crianças estudavam juntas na mesma sala de aula. Além disso, seus pais não tinham meios de transporte para se deslocarem ida e volta até a escola de Barreirinha.16
Nesse contexto, iniciaram-se os planos para a construção de uma nova escola na região, com o auxílio de voluntários. Um dos envolvidos na construção dessa nova instituição foi o enfermeiro norte-americano Bradley Mills. Após a graduação, ele e sua esposa, Caroline, também enfermeira, foram missionários voluntários na Bolívia, mas haviam passado por Manaus, onde conheceram o trabalho da lancha Luzeiro I. Mesmo depois de seu retorno aos Estados Unidos, o interesse deles pela região continuou a crescer. A oportunidade para retornarem veio por meio de um residente brasileiro nos Estados Unidos, que contatou a liderança da Igreja Adventista em Manaus, a qual por sua vez estava disposta a receber a família Mills.17
Algum tempo depois, um engenheiro contatou os Mills, dizendo que estava ciente do sonho missionário do casal. Para apoiá-los, o engenheiro decidiu doar seu iate familiar para o serviço missionário. Em 2007, os Mills, juntamente com seu primeiro filho, viajaram para o Amazonas com o objetivo de continuar o trabalho dos Halliwells.18 Na chegada, Mills colaborou com a Ação Social Voluntária da Amazônia (ASVAM, atual Projeto Salva-Vidas Amazônia) e tornou-se presidente da ONG, atualmente vinculada com a UNoB. Essa ONG foi criada em 2007 por um grupo de membros voluntários adventistas, que investiam seu tempo e recursos na divulgação do evangelho e no cuidado dos residentes ribeirinhos. Por meio desse programa, os projetos das lanchas missionárias foram retomados, e tanto missões de curto prazo como projetos de construção de casas, poços, hortas comunitárias, igrejas, postos de saúde e escolas foram organizados.19
Outros pioneiros dessa escola foram os enfermeiros Daniel Lessa e Naissen Fernandes. Em 2011, eles se mudaram para Nova Jerusalém a fim de construir uma clínica e desenvolver um sistema de saúde na região.20 Com o apoio do Salva-Vidas Amazônia, um posto de saúde comunitário foi instalado em Nova Jerusalém em 2012, administrado por Lessa e Fernandes. Porém, eles perceberam que o posto não seria suficiente para proporcionar qualidade de vida aos moradores. Consequentemente, planejaram construir uma escola técnica, começando com a construção de salas de aula simples. Assim como as escolas indígenas, a educação seria oferecida em um sistema multisseriado dentro da própria comunidade. Depois de alguns meses de trabalho, as salas de aula foram finalizadas e as aulas começaram.21
No início de 2013, um grupo de missionários visitou a escola e notou as salas de aula superlotadas: mais de 20 crianças por sala, quando a capacidade apropriada de acomodação era muito menor. Um senhor, comovido com a situação, disse a Bradley Mills que doaria a quantia necessária para a compra de um terreno.22 A ideia foi apresentada ao Salva-Vidas Amazônia, que adquiriu de Canuto Neto, filho de Armando Paes, uma parte do terreno no valor de quatro mil reais, cujo valor original era de oito mil reais. Esse terreno ficava na comunidade de Nova Jerusalém, às margens do rio Massauari, onde a escola está localizada atualmente. O local foi escolhido por ser próximo à cidade de Maués, onde surgiu a primeira Igreja Adventista do Sétimo Dia no Amazonas. Com a aquisição do terreno, as obras de construção da nova escola se iniciaram em julho de 2014, começando pelas casas dos professores.23
Paralelamente ao trabalho de Lessa, Fernandes e os Mills, a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA) também ajudou na construção da escola por meio de seu programa de voluntariado, ADRA Connections.24 Quando as informações sobre a criação da ETAM chegaram aos líderes da ADRA, eles não hesitaram em se envolver no projeto e divulgá-lo para a Igreja Adventista mundial. Isto levou à organização do projeto ADRA Connections Extreme, uma experiência missionária de intensa imersão no trabalho voluntário e conexão com a comunidade. Após a ADRA ter sido estabelecida no Amazonas em 2010, ela seu uniu à ASVAM, que passou a ser administrada pela UNoB em 2016 por meio do Instituto de Missões Noroeste.25
Além do Salva-Vidas Amazônia e da ADRA, o Centro Universitário Adventista de São Paulo – campus Engenheiro Coelho (Unasp-EC) também participou do projeto.26 Em 2014, voluntários do departamento de arquitetura e estudantes universitários visitaram o terreno onde a escola seria edificada e ajudaram na construção. Nos quatro anos seguintes, doadores e voluntários de diferentes partes do Brasil e do mundo apoiaram o projeto. A Federação dos Empreendedores Adventistas no Brasil também colaborou com o trabalho.27 Os esforços unidos de muitas organizações e voluntários tiveram êxito na construção de uma escola por meio da qual a educação adventista gratuita poderia ser oferecida às crianças que viviam perto do rio Massauari.28
Embora as instalações ainda estivessem incompletas, a ETAM abriu oficialmente suas portas aos alunos em 2015, com um professor lecionando para várias séries. No início de 2016, outro professor foi contratado para trabalhar com alunos desde a educação infantil até o 5º ano do ensino fundamental. A idade dos alunos variava de 5 a 12 anos. As aulas começaram em uma cabana coberta, mas o prédio escolar para abrigar os alunos, cujo número subiu para 17, foi concluído antes do final do ano. De 2016 a 2018, os alunos do Unasp-EC realizaram várias missões de curto prazo na região com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da população.29
Embora seu nome seja Escola Técnica Adventista de Massauari (ETAM), a cidade de Barreirinha reconheceu a escola em 2016 com o nome Raio de Luz.30 Em julho de 2018, “mais de 200 voluntários embarcaram em oito barcos rumo à comunidade de Nova Jerusalém” para um esforço final de concluir a escola e prepará-la para sua grande inauguração.31 Depois que tudo foi concluído, a inauguração ocorreu em 28 de julho de 2018. A cerimônia contou com a presença de várias autoridades civis e eclesiásticas, incluindo a UNoB, a cidade de Barreirinha e voluntários da ADRA Internacional e do Unasp-EC.32
A missão da escola é “prestar um serviço educacional sustentável de excelência, por meio da educação adventista, visando à formação cristã intelectual, física e social, restaurando a imagem de Deus nos alunos e educadores.” Sua visão é “ser uma escola reconhecida pela excelência por meio de serviços educacionais e do exercício experimental dos valores bíblico-cristãos.” Quando a escola foi inaugurada, havia oito funcionários e 48 alunos.33
História da Escola
Assim como em 2015, no primeiro semestre de 2016 a escola foi aberta com uma única sala de aula e 17 crianças, com idades de 5 a 12 anos. No segundo semestre de 2016, a escola contava com duas salas de aula e 20 alunos. Em novembro de 2017, algumas das casas dos professores, a secretaria e as salas da diretoria foram concluídas. A construção então se concentrou no refeitório e na biblioteca.34
Em 2017, a escola recebeu a autorização do Ministério da Educação do Brasil (MEC) e tinha 29 alunos matriculados no ensino fundamental.35 Nesse mesmo ano, mais de 80 alunos de seis universidades adventistas na América do Norte, bem como 100 alunos do Unasp-EC, participaram do primeiro projeto ADRA Connections Extreme de 8 a 22 de julho de 2018. Em 2018, 48 alunos, com idades entre 5 e 14 anos foram matriculados.36 Em 2019, a matrícula aumentou para 61 alunos, com idades entre 5 e 17.37 De 2017 a 2019, seis novos professores permanentes foram integrados à equipe de professores da instituição, além de outros cinco instrutores temporários. À medida que a equipe docente se expandia, o dinamismo da instituição começava a ser notado.
O campus é composto por 1.050.000 metros quadrados. Os primeiros edifícios a serem construídos foram duas casas para abrigar os missionários e quatro salas multifuncionais. Quatro novas salas de aula com banheiros foram construídas em sequência. A fase final da construção incluiu mais três casas, o refeitório, a biblioteca, os dormitórios e a capela.38 Em 2020, a escola tinha cinco casas para os missionários residentes, uma biblioteca, quatro salas de aula, duas salas multifuncionais, dormitórios masculino e feminino, uma sala de secretaria e um refeitório. A obra foi concluída em julho de 2018. No entanto, a instituição ainda necessita, entre outros recursos, de camas e colchões para acomodar os alunos e de livros para a biblioteca.39
Devido às condições precárias da população ribeirinha, as crianças começam a assumir responsabilidades da vida adulta desde muito jovens, como, por exemplo, cuidar dos irmãos mais novos, cuidar da casa e cozinhar. Assim, muitos deles não podem frequentar a escola ou as atividades de recreação destinadas aos alunos. Além disso, a falta de energia elétrica, saneamento básico e o intenso calor ao longo do ano representam grandes desafios para a população. A diversidade cultural entre os alunos da comunidade local e os professores que vêm do sul e sudeste do Brasil também apresenta um grande desafio.40
Como a escola é relativamente nova, seu currículo ainda está sendo refinado. Desenvolvido em colaboração com os alunos do curso de Pedagogia do Unasp-HT, sob a orientação de Selma C. Fonseca em 2017, esse currículo foi elaborado a pedido da direção da escola. Em 2018, Fonseca visitou a ETAM para saber mais sobre o trabalho ali desenvolvido. Após inspeções e conversas com os professores, ela ofereceu a eles uma proposta educacional mais significativa que abordasse questões relacionadas ao propósito missionário e ao público-alvo da escola. A proposta abordava o seguinte objetivo: “a partir de uma visão de mundo bíblico-cristã, a escola visa educar os ribeirinhos para que ajudem outros ribeirinhos a terem uma melhor qualidade de vida dentro de sua realidade, preservando a sustentabilidade e a dignidade humana com sabedoria, clareza e discernimento.”41
Esse processo, baseado na observação das necessidades das pessoas, produziu um currículo estrategicamente projetado para nutrir a formação de alunos plenamente maduros. Ele inclui aulas oferecidas por membros da comunidade. O programa busca incorporar os elementos cristãos da ciência e da cultura, que são necessários para a compreensão dos conhecimentos tradicionais. As aulas acontecem na comunidade, no rio, na selva e na sala de aula. O projeto está em constante adaptação, e a proposta curricular já foi entregue à Secretaria da Educação de Barreirinha.42 A Escola Técnica Adventista de Massauari tem ampliado a visão e o conhecimento de mundo em seus alunos. Muitos já sonham em ter uma profissão quando se tornarem adultos. Por causa da ETAM, esses alunos têm uma nova direção em suas vidas.43
Para atender o maior número possível de crianças, a escola implantou um programa de apoio por meio do qual terceiros podem apadrinhar uma das crianças, enviando os recursos necessários para a sua manutenção.44 Quando estão na escola, esses alunos estão constantemente em contato com a Bíblia. Os professores são missionários que também atuam no conselho escolar e prestam outros serviços, além de ministrar aulas da pré-escola, ensino fundamental e disciplinas específicas, como ciências, inglês, música, geografia, português, matemática, educação física, religião, história e arte.45 A escola tem capacidade para acomodar 60 crianças gratuitamente, pois o trabalho na região é mantido por meio de ofertas missionárias e doações feitas pelos colaboradores e apoiadores do projeto.46
O Papel Histórico da Escola
Durante o processo de construção da ETAM, o projeto recebeu apoio da Igreja Adventista a nível local, regional, nacional e internacional. A ADRA Connections, por exemplo, como uma filial da ADRA International, mostrou aos membros de outros países o que poderia ser feito na América Latina e na desafiadora região amazônica, mais especificamente. Ao tomar conhecimento do projeto, em 2018 a ADRA Connections abraçou a missão de enviar estudantes de universidades americanas para trabalhar na Amazônia.47 No ano seguinte, estudantes missionários visitaram a ETAM, bem como a vila de Barreira do Andirá, foco das missões da ADRA no Amazonas.48
Por meio do apoio recebido, a Escola Técnica Adventista de Massauari chamou a atenção da população da região, por levar esperança e qualidade de vida às crianças e suas famílias. A escola também tem contribuído para a vida das crianças da região com o clube de Desbravadores Luzeiros do Massauari.49 Esse grupo, além de se reunir com jovens e crianças, vem trabalhando em um projeto que visa o desenvolvimento físico, mental e espiritual dos participantes.50
O que Ainda Precisa Ser Feito para que a Escola Cumpra a Sua Missão
Localizada em uma região populosa, mas ainda considerada inóspita por grande parte da população brasileira, a ETAM apresenta alguns desafios que precisam ser superados para atingir seus objetivos. A autonomia financeira é uma delas. A escola mantém parceria com a prefeitura de Barreirinha, por meio da qual recebe recursos financeiros. Mas o ideal é conquistar autonomia financeira. Além disso, a aculturação de uma equipe em frequente mudança às condições da comunidade local é um desafio constante. A liderança da instituição entende que a educação é um processo gradual e tem trabalhado para melhorar a interação entre os funcionários e a comunidade.51 Oferecer educação nesse contexto prioriza a presença de educadores qualificados para navegar nas complexas relações multiculturais.
Embora existam desafios, a ETAM pretende expandir a educação técnica e cultural, oferecendo aulas de música, informática, inglês e espanhol. Para isso, a escola precisa de voluntários e recursos.52 Para os próximos anos, o objetivo da instituição é unificar a proposta curricular da educação infantil e do ensino fundamental. Se isso for alcançado, a unidade educacional poderá oferecer, no futuro, o ensino médio e até mesmo o ensino superior a distância. Além disso, também está prevista a construção de um complexo esportivo, um laboratório de ciências e um playground para a educação infantil.53
A missão principal da ETAM é capacitar os alunos a realizarem o seu trabalho em diferentes situações e lugares, a fim de cumprir a missão que Deus lhes confiou: pregar o Evangelho e fazer discípulos. A escola também busca melhorar a qualidade de vida dos próprios ribeirinhos, capacitando-os a operar a escola por conta própria e reproduzir esses benefícios nas comunidades vizinhas. Para promover esses objetivos, a ETAM busca integrar sua missão evangélica e educacional com respeito à cultura local.54
Cronologia dos Diretores55
Poliana Conceição Peixoto (2016), Gabriela dos Santos Rodrigues (2017), Poliana Conceição Peixoto (2018-atual).56
Referências
ADRA. Acessado em 5 de setembro de 2019. adra.org.br/.
ADRA Connections. Acessado em 5 de setembro de 2019. https://www.adraconnections.org/.
Centro Nacional da Memória Adventista do Brasil. http://www.wikiasd.org/.
Congresso Nacional. Anais do Senado Federal (Brasília, DF: Secretaria Especial de Publicação e Edição, 2008).
Eneas, Jael. “Escola na selva.” Revista Adventista, agosto de 2018, 42-43.
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Fonseca, C. F. “Educação Cristã na Uninorte." Revista Adventista, outubro de 1972.
Gnutzmann, João. Missão África e Amazônia. Rio de Janeiro, RJ: Editora Golden Star, 1975.
Greenleaf, Floyd. Terra de Esperança: o crescimento da Igreja Adventista na América do Sul. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2011.
Guimarães, Jorge Pedrosa. “Crescimento do Movimento Adventista na Missão Central Amazonas.” Monografia: Instituto Adventista de Ensino (1988).
Halliwell, Léo B. “Sete Mil Kilometros em Lancha no Rio Amazonas.” Revista Adventista, novembro de 1934.
Lessa, Rubens. Construtores de Esperança: na trilha dos pioneiros adventistas da Amazônia. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2016.
Luzeiro. Acessado em 22 de janeiro de 2020. https://www.luzeiro.org/.
Mills, Bradley (diretor do Instituto de Missões Noroeste). Mensagem de e-mail para Lucas Rodrigues (assistente de redação da ESDA), 18 de março de 2019.
Neves, José A. “Uma experiência.” Revista Adventista 69, nº 8, agosto de 1974.
Portal da Igreja Adventista do Sétimo Dia (Brasil). https://www.adventistas.org/pt/.
Rohm, Michael. “Voluntários criam escola técnica no interior do Amazonas.” Notícias Adventistas, 17 de agosto de 2018. Acessado em 6 de setembro de 2019, https://bit.ly/33mdITi.
Salva-Vidas Amazônia. “ETAM–Uma escola na selva.” Vimeo. 8 de agosto de 2018. Acessado em 5 de setembro de 2019, https://vimeo.com/283957947.
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Seventh-day Adventist Yearbook [Anuário da Igreja Adventista do Sétimo Dia]. Hagerstown, MD: Review and Herald Publishing Association, 2011.
Tonetti, Márcio. “Missão a bordo.” Revista Adventista, 27 de novembro de 2017. Acessado em 5 de setembro de 2019. https://bit.ly/2kw6X06.
Unasp-EC (Centro Universitário Adventista de São Paulo - Engenheiro Coelho). https://www.unasp.br/ec/.
Notas de Fim
- “Home,” Escola Técnica Adventista de Massauari, acessado em 5 de setembro, 2019, http://www.etam.org.br/; Bradley Mills, diretor, Instituto de Missões Noroeste, mensagem de e-mail para Lucas Rodrigues, assistente de redação da ESDA, 18 de março de 2019.↩
- Rubens Lessa, Construtores de esperança: na trilha dos pioneiros adventistas da Amazônia (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2016), 44.↩
- João Gnutzmann,Missão África & Amazônia (Rio de Janeiro, RJ: Editora Golden Star, 1975), 94.↩
- Jorge Pedrosa Guimarães, “Crescimento do Movimento Adventista na Missão Central Amazonas” (Monografia, Instituto Adventista de Ensino, janeiro de 1988), 2.↩
- “A primeira Lancha Missionária Luzeiro foi inaugurada em julho de 1931 pelo casal Leo e Jessie Halliwell, com o objetivo de levar educação sanitária e assistência médica e odontológica gratuita às populações pobres ribeirinhas do Amazonas. [...] Nesses 80 anos, milhares de pessoas foram beneficiadas diretamente pelo apoio fornecido pelas embarcações. Em muitos casos, esta era a única maneira dessas pessoas receberem algum atendimento médico e odontológico." Luzeiro, “História,” acessado em 22 de janeiro de 2020, https://www.luzeiro.org/.↩
- Italo Giordano Filho, “A obra médico missionária na Região Norte,” Monografia, Instituto Adventista de Ensino (s.d.): 8-16.↩
- Leo B. Halliwell, “Sete Mil Kilometros em Lancha no Rio Amazonas,” Revista Adventista, novembro de 1934, 11-12.↩
- F. Fonseca, “Educação Cristã na Uninorte,” Revista Adventista, outubro de 1972, 14-15.↩
- Congresso Nacional, Anais do Senado Federal (Brasília, DF: Secretaria Especial de Publicação e Edição, 2008), 32-33.↩
- Jorge Pedrosa Guimarães, “Crescimento do Movimento Adventista na Missão Central Amazonas,” Monografia: Instituto Adventista de Ensino, janeiro (1988): 2.↩
- Floyd Greenleaf, Terra de Esperança: o crescimento da Igreja Adventista na América do Sul (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2011), 360.↩
- “Graduação,” Centro Nacional da Memória Adventista do Brasil, acessado em 19 de fevereiro de 2020, http://bit.ly/37MIJkY.↩
- Selma Carvalho Fonseca, professora, Unasp–HT, mensagem de e-mail para Carlos Flavio Teixeira, editor associado da ESDA, 26 de novembro de 2019.↩
- “South Rondonia Conference [Associação Sul de Rondônia],”Seventh-day Adventist Yearbook (Hagerstown, MD: Review and Herald Publishing Association, 2011), 300.↩
- Rubens Lessa,Construtores de esperança: na trilha dos pioneiros adventistas da Amazônia (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2016), 158-161.↩
- “Home,”Escola Técnica Adventista de Massauari, acessado em 5 de setembro de 2019, http://www.etam.org.br/.↩
- Márcio Tonetti, “Missão a bordo,” Revista Adventista, 27 de novembro de 2017, acessado em 5 de setembro, 2019,https://bit.ly/2kw6X06.↩
- Ibid.↩
- “Quem somos, “Salva-vidas Amazônia, acessado em 19 de fevereiro de 2020, http://bit.ly/37Ftkmf.↩
- Michael Rohm, “Voluntários criam escola técnica no interior do Amazonas,” Notícias Adventistas, 17 de agosto de 2018, acessado em 5 de setembro de 2019, https://bit.ly/2k5GR3S.↩
- Selma Carvalho Fonseca, professora, Unasp–HT, mensagem de e-mail para Carlos Flavio Teixeira (editor associado da ESDA), 26 de novembro de 2019.↩
- Salva-Vidas Amazônia, “ETAM–Uma escola na selva,” Vimeo, 8 de agosto de 2018, acessado em 5 de setembro de 2019, http://bit.ly/2HK6hfm.↩
- Selma Carvalho Fonseca, professora, Unasp–HT, mensagem de e-mail para Carlos Flavio Teixeira, editor associado da ESDA, 26 de novembro de 2019.↩
- “About Us [Sobre nós],”ADRA Connections, acessado em 5 de setembro de 2019, adraconnections.org/aboutus.↩
- Michael Rohm, “Voluntários criam escola técnica no interior do Amazonas,” Notícias Adventistas, 17 de agosto de 2018, acessado em 5 de setembro de 2019, https://bit.ly/2k5GR3S.↩
- Márcio Tonetti, “Missão a bordo,”Revista Adventista, 27 de novembro de 2017, acessado em 9 de setembro de 2019, https://bit.ly/2kw6X06.↩
- Michael Rohm, “Voluntários criam escola técnica no interior do Amazonas,” Notícias Adventistas, 17 de agosto de 2018, acessado em 5 de setembro de 2019, https://bit.ly/2k5GR3S; Selma Carvalho Fonseca, professora, Unasp – HT, mensagem de e-mail para Carlos Flavio Teixeira, editor associado da ESDA, 26 de novembro de 2019.↩
- “ETAM,” ADRA, acessado em 5 de setembro de 2019, https://bit.ly/2k2gPOR.↩
- Salva-Vidas Amazônia, “ETAM–Uma escola na selva,” Vimeo, 8 de agosto de 2018, acessado em 5 de setembro de 2019, http://bit.ly/2HK6hfm.↩
- Poliana Peixoto, diretora da ETAM, entrevistada por Selma Carvalho Fonseca, professora, Unasp-HT, s.d.↩
- “Home,” Escola Técnica Adventista de Massauari, acessado em 11 de setembro de 2019, https://www.etam.org.br/.↩
- Jael Eneas, “Escola na selva,” Revista Adventista,agosto de 2018, 42-43.↩
- Selma Carvalho Fonseca, professora, Unasp–HT, mensagem de e-mail para Carlos Flavio Teixeira, editor associado da ESDA, 26 de novembro de 2019.↩
- Ibid.↩
- Márcio Tonetti, “Missão a bordo,”Revista Adventista, 27 de novembro de 2017, acessado em 5 de setembro de 2019, https://bit.ly/2kw6X06.↩
- Michael Rohm, “Voluntários criam escola técnica no interior do Amazonas,” Notícias Adventistas, 17 de agosto de 2018, acessado em 5 de setembro de 2019, https://bit.ly/2k5GR3S.↩
- Selma Carvalho Fonseca, professora, Unasp–HT, mensagem de e-mail para Carlos Flavio Teixeira, editor associado da ESDA, 26 de novembro de 2019.↩
- Ibid.↩
- “Ajude a equipar nossa escola,” Escola Técnica Adventista de Massauari, acessado em 9 de setembro de 2019, http://etam.org.br/construcao/.↩
- Selma Carvalho Fonseca, professora, Unasp-HT, mensagem de e-mail para Carlos Flavio Teixeira, editor associado da ESDA, 26 de novembro, 2019.↩
- Ibid.↩
- Ibid.↩
- “Apadrinhe uma criança,”Escola Técnica Adventista de Massauari, acessado em 9 de setembro de 2019, http://bit.ly/3axjEwb.↩
- Ibid.↩
- Ibid.↩
- “Home,”Escola Técnica Adventista de Massauari, acessado em 11 de setembro de 2019, https://www.etam.org.br/.↩
- Michael Rohm, “Voluntários criam escola técnica no interior do Amazonas,” Notícias Adventistas, 17 de agosto de 2018, acessado em 6 de setembro de 2019, https://bit.ly/33mdITi.↩
- Victor Storch, assistente de tradução da ESDA e voluntário do UNASP na ETAM, em agosto de 2019, mensagem de WhatsApp para Yanka de Araújo Pessoa, assistente de tradução da ESDA, 5 de setembro de 2019.↩
- O clube de Desbravadores é formado por “meninos e meninas de 10 a 15 anos, de diferentes classes sociais, cor e religião que costumam se reunir uma vez por semana para aprender a desenvolver talentos, habilidades, percepções e gosto pela natureza.” Esses meninos e meninas “ficam maravilhados com as atividades ao ar livre. Eles gostam de acampar, fazer caminhadas, escalar, explorar bosques e cavernas. Eles sabem cozinhar ao ar livre, fazer fogueiras sem fósforos.” Além disso, demonstram “habilidade com disciplina por meio da ordem unida e têm sua criatividade despertada pelas artes manuais. Eles também lutam contra o uso de tabaco, álcool e drogas.” “Quem somos,” Igreja Adventista do Sétimo Dia, acessado em 4 de fevereiro de 2020, http://bit.ly/2FDRqTh.↩
- “Home,” Escola Técnica Adventista de Massauari, acessado em 5 de setembro de 2019, http://www.etam.org.br/.↩
- Selma Carvalho Fonseca, professora, Unasp–HT, mensagem de e-mail para Carlos Flavio Teixeira, editor associado da ESDA, 26 de novembro de 2019.↩
- “Home,”Escola Técnica Adventista de Massauari, acessado em 5 de setembro de 2019, http://www.etam.org.br/.↩
- Selma Carvalho Fonseca, professora, Unasp–HT, mensagem de e-mail para Carlos Flavio Teixeira, editor associado da ESDA, 26 de novembro de 2019.↩
- Ibid.↩
- Ibid.↩
- Para mais informações sobre a Escola Técnica Adventista de Massauari, acesse o site http://www.etam.org.br/.↩